Trinta e quatro projetos para produção de conhecimento científico sobre o semiárido baiano e o desenvolvimento de soluções inovadoras visando a melhoria da qualidade de vida da população dessa que é a região mais pobre da Bahia começaram a ser apresentados nesta quinta-feira (21), na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb).

Os projetos são frutos de uma parceria da Fapesb com a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Casa Civil do Governo do Estado, por meio do Fundo Estadual de Erradicação e Combate à Pobreza (Funcep), que viabilizou o lançamento do Edital temático do Semiárido. Em 2007 foram aportados R$ 3 milhões para o edital.

Os resultados dos projetos foram apresentados no I Seminário Interno de Avaliação de Pesquisa do Edital do Semiárido, como ocorreu, na semana passada, com os projetos do Edital de Segurança Pública. O seminário, que termina nesta sexta-feira (22), representa uma prestação de contas dos resultados e do andamento dos projetos, que contemplaram as seguintes linhas temáticas: biodiversidade e ecologia, uso e reuso da água, energia, cultura, sistemas produtivos, segurança alimentar, emprego, trabalho e geração de renda, inclusão social, financiamento do desenvolvimento e habitação.

Todos os projetos procuram estudar e apontar soluções para os problemas do semiárido. Um deles, sob a responsabilidade da Universidade Salvador (Unifacs), tem como objetivo inserir o biodiesel na cadeia produtiva da região sisaleira da Bahia. Para isso, vai fomentar iniciativas que promovam a diversidade das atividades econômica da região, como o aproveitamento da mamona, do ouricuri, do pinhão-manso e do amendoim na produção do biodiesl.

Outro, coordenado pelo engenheiro Paulo Roberto Lopes Lima, da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), vem aperfeiçoando as cisternas de placas de argamassa para armazenamento da água de chuva. Na linha da cultura, a professora Tânia Fisher, da Universidade Federal da Bahia (Ufba), vem realizando o mapeamento dos mestres-artesãos e seus saberes populares no Território do Sisal. Na mesma linha, a pesquisadora Clélia Neri Côrtes, da Universidade Católica do Salvador (UCSal), está aprofundando os estudos associados ao mapeamento cultural e ao desenvolvimento de ações pedagógicas e comunitárias etnosocioambientais no território dos índios Kaimbé, em Euclides da Cunha, no serão de Canudos.

Segurança Alimentar

Na área de segurança alimentar, o projeto coordenado pelo pesquisador Carlos Alberto Aragão está focado na horticultura comunitária em Juazeiro, no submédio São Francisco, onde 300 famílias praticam a horticultura urbana no ramo das hortaliças.

Dentre outras atividades, o projeto fará um diagnóstico da segurança alimentar em 10 bairros de Juazeiro e de cidades vizinhas. No município de Caldeirão Grande, a bióloga Djane Santiago de Jesus, do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (Cefet-BA), coordena um projeto, em parceria com a prefeitura local, para incluir o ouricuri como fonte energética e alimentícia.

Também no submédio São Francisco está sendo executado um projeto para racionalizar o uso de agroquímicos e para o tratamento preventivo da pré-colheita da manga, evitando a podridão pelo fungo Lasiodiplodia theobriobromae, que muitos prejuízos vem causando aos produtores.

Há também um projeto para desenvolver ações de capacitação, extensão e educação em saúde ambiental para limitar os problemas sanitários que atingem os caprinos e ovinos.

No seminário, foram destacados ainda os seguintes projetos: caracterização, seleção e propagação vegetativa de genótipos de umbucajazeira; aproveitamento do resíduo da mandioca para a produção de etanol em cooperativas; levantamento epidemiológico de virose de caprinos e ovinos na microrregião de Juazeiro; avaliação de fruteiras adaptadas ao semiárido em sistema agroflorestal; e aproveitamento do farelo da algaroba na composição de suplementos para pequenos ruminantes.