Publicada às 09h35
Atualizada às 19h00

Uma verba de R$ 1,2 milhão para pesquisas foi a surpresa com a qual o governador Jaques Wagner presenteou os produtores do Oeste baiano. O anúncio foi feito durante a inauguração a nova sede da Fundação de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento do Oeste da Bahia (Fundação Bahia) e do Centro de Pesquisa e Tecnologia da Bahia (CPTO).

O evento fez parte da abertura da Bahia Farm Show 2009, no município de Luís Eduardo Magalhães, onde foi assinado também um protocolo de intenção para a implantação de um centro de pesquisas para a agricultura familiar.

O protocolo de intenção foi firmado entre o Governo do Estado, as prefeituras de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, a Fundação Bahia, os bancos do Nordeste e do Brasil e entidades representantes de trabalhadores rurais. O objetivo é implementar um centro de pesquisa direcionado à agricultura familiar no cerrado.

Segundo o secretário da Agricultura, Roberto Muniz, a Fundação Bahia desenvolve, com recursos próprios, pesquisas para o agronegócio dentro dos assentamentos da região. “A junção dos grandes com os pequenos vai melhorar a produtividade que já é destaque na soja, no milho, no algodão. Queremos que a região seja referência para a agricultura familiar”. Afirmou.

Inaugurações

Com a mudança da Fundação Bahia para a nova sede – a antiga ficava em Barreiras –, a entidade abrigará, além das dependências administrativas, as instalações do CPTO. O trabalho desenvolvido pela fundação, criada e mantida há 11 anos pelos produtores locais, é visto como um dos principais responsáveis pelo impulso do agronegócio regional. As obras iniciaram há dois anos, com o lançamento da pedra fundamental por Wagner.

Segundo o diretor presidente da fundação, Amauri Stracci, o governo sempre tem aportado recursos para a instituição por meio do Fundeagro. “Nós vamos conseguir, com este R$ 1,2 milhão anunciado pelo governador, levar adiante o projeto de desenvolvimento da cana, para que possam vir mais empresas e dar sustentabilidade à região”, afirmou.

O CPTO é considerado o maior do Norte/Nordeste, com mais de 2,3 mil metros quadrados de área construída. No local funcionarão quatro laboratórios, voltados para fitopatologia, entomologia, nematologia e sementes, 120 hectares de lavouras irrigadas, através de pivô central, além de auditório, refeitório, campo experimental, armazéns e galpões.

Oeste Sustentável

Os produtores do Oeste comemoraram também, na ocasião, a publicação do decreto que estabelece as regras para se regularizar o passivo ambiental na região, criando assim o Oeste Sustentável. Wagner disse que está encaminhando uma solicitação ao Ibama para que venha a aderir ao pacto. “No que diz respeito ao Estado, estamos dispostos a conceder a anistia”, afirmou.

Wagner disse que o decreto estabelece uma regra que dá muito mais tranquilidade para os produtores que querem trabalhar dentro do conceito de sustentabilidade. “Inclusive, os produtores que já receberam multas podem receber uma anistia”, observou.

Segundo ele, esta é uma postura de abertura do Governo do Estado que reconhece a importância da região para a economia baiana e brasileira. “Os empresários estão absolutamente satisfeitos, mas liberdade corresponde reciprocidade. A regra tem que ser cumprida e o que estamos buscando é uma modelagem não punitiva”, comentou.

Segundo o empresário e presidente da Associação de Irrigantes do Oeste da Bahia (Aiba), Walter Horita, cerca de duas mil propriedades tem um prazo estimado de dois anos para ter a sua licença e desenvolver o seu empreendimento, obedecendo à legislação ambiental.

Horita disse que já foram aplicados aproximadamente R$ 35 milhões em multas e que está prevista a redução de até 90% deste valor. “Quem já recebeu a multa tem a condição de reduzir e solicitar o parcelamento para a sua quitação e quem não foi tem o prazo para procurar o órgão competente, procurar a Aiba, fazer o seu cadastramento e adquirir a sua licença ambiental para produzir”, alertou.

Para o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Juliano Matos, o agronegócio e o meio ambiente já estão coexistindo. “Nós criamos um conjunto de relações positivas e um clima de entendimento robusto e consistente, fazendo do Oeste da Bahia uma referência nacional do agronegócio” afirmou.

Bahia Farm Show

O Bahia Farm Show reúne mais de 150 estandes, numa área de 200 hectares. A expectativa é que a feira, a maior na Bahia em volume de negócios, atraia mais de 26 mil visitantes para comprar ou conhecer as novidades em tecnologia voltadas ao agronegócio.

Este ano, a feira pretende também aumentar a participação do pequeno agricultor, na medida em que fortalece novos nichos de mercado, especialmente na revenda de tratores de baixa potência.

Além do acesso a máquinas, implementos e insumos, as pessoas poderão conhecer o que há de mais atual em pesquisa cientifica e variedades adaptadas para região. Esta é a segunda vez que o evento, antes conhecido como Agrishow, é realizado com a nova marca.

O Governo do Estado participa da feira com um estande da EBDA, onde agricultores familiares vão assistir palestras sobre a cultura da mandioca Formosa, que já está presente em três campos de multiplicação em Luís Eduardo Magalhães; sobre mamona, algodão colorido e sobre a revitalização de bacias hidrográficas, com foco nos rios São Francisco e Rio Grande.

Além da secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri) e da Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), as secretarias da Indústria, Comércio e Mineração (Sicm), da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e do Meio Ambiente (Sema) também estão com um estande para orientar o público.

Distribuidora de Combustível

A agenda de Wagner em Luis Eduardo Magalhães terminou com uma visita à base de armazenamento da AleSat Combustíveis, a 5ª maior distribuidora de combustíveis do Brasil, criada em 2006, da união da mineira ALE Combustíveis e da Satélite Distribuidora de Petróleo, do Rio Grande do Norte.

Atualmente, a empresa possui 45 unidades administrativas e bases de distribuição, em 21 estados de norte a sul do país, com uma rede de cerca de 1.200 postos e uma frota própria de 160 caminhões.

São comercializados pela Alesat 300 milhões de litros de combustíveis por mês. A empresa possui 5 mil clientes ativos e gera aproximadamente 10 mil empregos diretos e indiretos. O faturamento anual da AleSat Combustíveis em 2007 chegou a R$ 6 bilhões.

Cerrado baiano

Atualmente, o cerrado baiano tem papel de destaque na pauta de exportações brasileiras, com produtos como soja, algodão e café. A agricultura moderna e tecnificada, presente na região Oeste da Bahia, tem proporcionado uma produção que já ultrapassa cinco milhões de toneladas, com 1,7 milhão de hectares cultivados na safra 2008/09.

O município de Luís Eduardo Magalhães possui uma população estimada de 48.977 habitantes e extensão territorial de 4.014 km². Tem como principal atividade econômica a agricultura (soja, café, algodão, feijão e milho). Com apenas oito anos de existência, ocupa hoje a 10ª posição no ranking dos municípios baianos em relação ao PIB da Bahia e a 29ª do Nordeste.