O cultivo em escala comercial da gracilaria, tipo de alga comum no litoral brasileiro, será incentivado em comunidades costeiras da Baía de Todos os Santos. O projeto está sendo implantado pela Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), por meio da Bahia Pesca, que já começou a realizar os primeiros estudos técnicos e ambientais na região.

O projeto, denominado Maricultura de manejo de algas como fonte de renda para comunidades da Baía de Todos os Santos, prevê a implantação de três módulos-pilotos de cultivo em áreas que ainda estão sendo selecionadas, a partir de contatos que vêm sendo realizados com as comunidades. A proposta é que ainda este ano, os primeiros cultivos estejam gerando resultados que permitam análises mais profundas para serem implantados em escala comercial.

Os biólogos da Bahia Pesca discutiram os resultados de experiências bem sucedidas com a alga gracilaria nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte, além de Ilha Bela, no Rio de Janeiro. Os biólogos visitaram várias regiões da Baía de Todos os Santos, analisando os bancos naturais de algas, profundidade e salinidade, entre outros aspectos de natureza ambiental, para verem como podem implantar os projetos, com base nas experiências obtidas em outros estados.

Impacto socioeconômico

Cada hectare de lâmina d`água onde as algas poderão ser cultivadas tem uma produtividade de três toneladas, que podem ser colhidas em apenas três meses após o plantio das mudas. Em cada módulo desses poderão ser empregadas três famílias, com baixos investimentos e grande rentabilidade.

O diretor técnico da Bahia Pesca, Marcos Rocha, considerou a possibilidade do projeto mudar, de forma significativa, o perfil socioeconômico de milhares de famílias de pescadores e marisqueiras.

Em todo o mundo são produzidos anualmente sete milhões de toneladas de algas para fins alimentícios e outras 300 mil toneladas para uso diverso pela indústria química. Os maiores produtores são a China, as duas Coréias, Japão, Filipinas e Indonésias. Na América do Sul o maior produtor é o Chile. O Brasil desponta como grande exportador de algas, tendo ainda baixa industrialização do produto.

Além dos fins alimentícios e na indústria química, o cultivo de algas pode ser aproveitado como biocombustível na produção do etanol, na indústria de cosméticos, na produção de sabonetes e cremes, na bebida, associadas a sucos de frutas, e na indústria farmacêutica..