Público diversificado, presença marcante de profissionais e representantes de instituições de municípios fora da Região Metropolitana de Salvador, palestrantes, cujo discurso ressaltou a conexão entre museus e o futuro, desconstruindo a noção ultrapassada que cristaliza as instituições no passado.

Assim pode ser resumido o Encontro Baiano de Museus, que demonstrou a renovação, variedade de temas e funções assumidas pelos espaços museais, por meio de estudantes, profissionais e outros interessados, que ocuparam o Palácio da Aclamação de quarta a esta sexta-feira (29 a 31).

O encontro, promovido pela Secretaria de Cultura (Secult), da Diretoria de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), se concentrou, principalmente, na importância da articulação política e da dinamização da atividade dos museus.

Pela primeira vez, na Bahia, a reunião de profissionais, cuja atuação corresponde ao que há de mais contemporâneo na concepção do uso e função dos museus pelo país, foi celebrada pelos participantes do encontro, que há muito demandavam atividades de capacitação e reciclagem para o setor na Bahia. Museólogos de diferentes gerações, estudantes e dirigentes de espaços em diversos municípios baianos tiveram oportunidade de assistir a palestras e formular propostas para o fortalecimento do setor, além de estabelecer redes de contato no conforto do ambiente preparado para os intervalos de refeições – uma rara chance de ver abertos ao público os belos jardim e varandas do Palácio.

Ampliação

O encontro atraiu o interesse de pessoas em todo o estado que já lidam com acervos públicos e privados, e também aquelas que pretendem fundar museus e memoriais. É o caso do jovem Jonatas Santana, de Santa Maria da Vitória (Bacia do Rio Corrente), que assistiu às palestras e participou dos grupos de trabalho para obter orientações no intuito de criar um memorial do Mestre Guarani, tradicional escultor de carrancas, em sua cidade.

"Vim aqui para saber como eu e outras pessoas da minha geração podemos nos articular e buscar apoio para preservar a memória de um artista que marcou outras gerações da nossa região", explicou o estudante de Biologia.

Além do já esperado impacto da apresentação de cases como o Museu da Língua Portuguesa (SP), Pinacoteca de São Paulo, Museu da Pampulha (MG) e Fundação Iberê Camargo (RS), surpreendeu a platéia a participação do Museu Arqueológico situado na cidade de Central (BA).

Coordenado por Lenilton Carvalho, o pequeno museu ainda é pouco conhecido dos baianos, mas já atua em bases conceituais semelhantes às de espaços renomados. Suas fronteiras extravasam por toda a cidade, estabelecendo relação com a população e o entorno, por intermédio de ações educativas, consolidando seu papel enquanto articulador de conhecimento. Um exemplo de como, adequado à realidade de cada instituição, o impulso criativo pode demarcar a relevância cultural do museu para a sociedade.

O depoimento da coordenadora do Museu da Misericórdia (Salvador), Jane Palma, também ilustra a contribuição do evento para articulação no setor: "Tivemos a oportunidade de tomar conhecimento da existência de museus em todo o estado. Com relação aos museus de Salvador, muitos deles concentrados no Centro Histórico, vimos o potencial de união para qualificar a visitação de uma área culturalmente tão rica".

Objetivos alcançados

Idealizador do evento, o diretor de Museus do Ipac, Daniel Rangel, acredita que o encontro foi uma oportunidade singular de reunir um número tão significativo de representantes de instituições de destaque nacional e o público baiano.

"O empenho da Secult e do Ipac na realização de um evento desse porte, foi fundamental, representando o respeito e o reconhecimento da importância que o museu e a atividade do museólogo têm para este governo", disse. O diretor avalia que o encontro alcançou seus principais objetivos, uma vez que amplia as bases políticas e conceituais para a estruturação do Sistema Estadual de Museus, compreendido na Lei Orgânica da Cultura.

Agora, após o encontro, a Dimus tem expectativa de que o recente intercâmbio também sirva de estímulo para que museólogos, gestores e arte-educadores elaborem projetos para concorrer aos investimentos oferecidos por meio dos editais de museus. As inscrições seguem até 14 de agosto e o regulamento está disponível no site do Ipac – www.ipac.ba.gov.br.