Artesã desde os dez anos, dona Nitinha, 70, é a memória viva do tradicional artesanato de Rio Real. A técnica no lido com a cerâmica, que ganha formas de pitanga e de galinha nas típicas moringas, é decorada com pinturas em relevo e bordado nas panelas ou se transforma em porrões, potes, mealheiros e alguidares. É herança centenária que alçou o município ao norte da Bahia a uma das 65 comunidades abarcadas pelo Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural (Promoart), vinculado ao Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/Ministério da Cultura.

“Rio Real tem um significado cultural muito grande e o momento é de fortalecer o trabalho de resgate das tradições e de valorização para que a transmissão desses conhecimentos não se perca”, disse a técnica de gestão de projetos do Promoart, Iara Ferraz. A parceria regional do órgão com a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, através do Instituto Mauá, e a Secretaria da Cultura, por meio do Ipac e do Núcleo de Culturas Populares, trouxe para a sede do Mauá no Pelourinho a exposição Bordados em Tauá: Cerâmica de Rio Real.

Primeiro projeto concretizado pelo Promoart, a Sala do Artista Popular (SAP), inaugurada ontem (30), reúne obras de cerâmica em barro de quatro artesãs de Rio Real. “Criei meus filhos todos nessa arte”, afirmou dona Nitinha, cujo trabalho já percorreu o Brasil e alguns países estrangeiros. A SAP integra as ações de valorização, fomento, promoção e comercialização do legítimo artesanato nacional.

“Trata-se de um trabalho conjunto e transversal entre as secretarias, o Ministério da Cultura e a comunidade, com o objetivo final de gerar autonomia e independência à produção artesanal”, explicou a diretora do Mauá, Emília Almeida. “A parceria é fundamental na construção de políticas do estado para o segmento”, destacou o secretário de Cultura Márcio Meirelles.

A mostra fica em cartaz até 28 de agosto, na sede do Mauá no Pelourinho, de segunda a sexta-feira, das 9 às 17h, com visitação gratuita.