Instruir e capacitar técnicos em aproveitamento do umbu. É o que pretende a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (Ebda), autarquia da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), com o curso que realizará nesta quarta-feira (26) no Centro de Formação dos Agricultores Familiares do Território de Irecê (Centrefértil). Os profissionais da empresa serão qualificados para melhor orientar o agricultor familiar sobre a cultura do umbu e seu aproveitamento.

Para o chefe do Centrefértil, Raimundo Luiz Rocha, os técnicos capacitados contribuirão mais e melhor no desenvolvimento dos agricultores da região, que passarão a beneficiar um produto disponível em todo o semiárido, usando mão de obra familiar, gerando renda adicional.
“Com o aumento de conhecimento sobre a cultura, os técnicos, além de colaborar para a sustentabilidade econômica dos agricultores, repassarão as instruções aprendidas para o homem do campo”, explica Raimundo.

O curso contará com aulas práticas e teóricas e será ministrado pelo engenheiro agrônomo da EBDA, Arnou da Silva Dourado. As técnicas para melhor aproveitamento de umbu na fabricação de doces, polpas, umbuzada e outras opções de utilização do fruto, além do consumo in natura, serão demonstradas no curso.

A iniciativa é resultado da capacitação Convivência com o Semiárido, realizada pela Embrapa Semiárido, para técnicos, que aconteceu em Petrolina (PE). Uma das metas principais dessa capacitação é que os agricultores familiares aprendam a aproveitar o umbu, em todo o seu potencial, de maneira correta, explorando comercialmente a sua produção.

A cultura

O umbuzeiro é uma planta típica do semiárido brasileiro, tendo grande parte de sua concentração no estado da Bahia, onde em muitas regiões a colheita do fruto é fundamental para a sobrevivência das famílias agrícolas.

O período de safra do umbu – novembro a fevereiro – corresponde à entressafra das culturas alimentares tradicionais, e grande número de famílias agrícolas passa a depender da colheita do fruto para o seu sustento.

O umbu é uma fruta de sabor agridoce, muito apreciada, porém bastante perecível. Colhida por famílias inteiras de agricultores, sua produção é quase que totalmente comprada por atravessadores, que pagam preços irrisórios pelo produto. Também a falta de tecnologia de produção e de aproveitamento do umbu concorre para o desestímulo dos agricultores em plantar o umbuzeiro de forma sistemática. A produção estadual é extrativista e o mau aproveitamento da planta, que muitas vezes é cortada para a extração da água armazenada nas suas raízes, poderá levar ao risco de extinção.

Segundo Arnou Dourado, o curso é uma das muitas formas que a empresa vem adotando para mudar a realidade da planta no semiárido baiano. “Além de instruir os seus técnicos, a EBDA vem investindo em produção de mudas e em educação dos agricultores familiares, tanto para a conservação da espécie como para o plantio tecnificado, utilizando mudas de umbu-gigante, mais precoces e produtivas”.