Repórter fotográfico da revista “O Cruzeiro” em Salvador, Pierre Verger realizou mais de 200 reportagens para o veículo. Apesar de nem todas terem sido publicadas e de pouco se ter conhecimento, a atuação de Verger se estendia também à produção textual. Este curioso fato será o tema da próxima aula do Conversando com sua História, que será realizada nesta terça-feira (18), às 17h, com a prof.ª Dr. Ângela Lühning. Promovido pelo Centro de Memória da Fundação Pedro Calmon/Secult, o curso é gratuito e ocorre sempre às terças-feiras.

“A palestra abordará a atuação de Pierre Fatumbi Verger ligada à revista O Cruzeiro, em geral como fotógrafo, acompanhando os textos de vários jornalistas. Muitas delas foram publicadas e muitas outras ficaram sem alcançar o público naquela época. O que é pouco conhecido é que Verger escrevia muitos dos textos das reportagens, especialmente nos anos 50, quando trabalhava para O Cruzeiro Internacional”, explica a professora. Diretora da Fundação Pierre Verger, Ângela Lühning é doutora em Etnomusicologia pela Freie Universitat Berlin (Universidade Livre) e tem experiência na área de Artes, com ênfase em Música, atuando principalmente nos seguintes temas: música no candomblé, Etnomusicologia, Cultura Afro Brasileira.

“O Cruzeiro” é considerado uma das principais revistas ilustradas brasileiras. Publicada desde 1928 pelos Diários Associados de Assis Chateaubriand, apresentou ao mercado editorial algumas inovações. Dentre elas, destacam-se o fotojornalismo e a inauguração da dupla repórter-fotógrafo. De 1946 a 1959, a revista contou com o trabalho de Verger. Porém, nem todas as produções do etnólogo tiveram espaço na publicação.

Em Pierre Verger – repórter fotográfico, livro de autoria de Lühning, foram publicadas reportagens inéditas rejeitadas pelo Cruzeiro. Hoje, o material está preservado na Fundação Pierre Verger. São diversos artigos que comprovam o crescente interesse de Verger pela África, sobre suas cidades, artistas e políticos, além do potencial econômico do continente. “É a devolução à sociedade de um material que Verger pensou para um momento importante. Ele queria mostrar mais da cultura africana”, destaca a autora. Lühning conta ainda que o “Cruzeiro” chegou a sugerir que os textos fossem transformados em um único artigo. “Verger respondeu que não daria para juntar devido à importância dos diferentes aspectos ali contidos”, relata.

Mais informações: Centro de Memória – (71) 3117-6030/6050.