Na localidade de Serraria, na zona rural do município de Jiquiriçá, a 252 quilômetros de Salvador, 16 famílias de pequenos produtores rurais passaram o final de semana cuidando dos alevinos que receberam da Bahia Pesca, empresa vinculada à Secretaria da Agricultura, irrigação e Reforma Agrária (Seagri).

Cada família recebeu uma cota de mil alevinos e, graças à participação nos cursos de capacitação, vão poder iniciar o cultivo dos peixes, em tanques escavados, e, em sete meses, capturá-los para consumo e comercialização. O município recebeu, ao todo, 100 mil alevinos do tipo tambaqui, distribuídos para 78 famílias que residem próximas às aguadas públicas e comunitárias da região.

Além dele, outros 200 mil alevinos de tambaquis e tilápias foram distribuídos para os municípios de Taperoá (50 mil), Jeremoabo (30 mil), Poções (20 mil), Barra do Choça (40 mil), Jacobina (30 mil) e Planalto (30 mil). Todos os alevinos saíram das estações de piscicultura de Joanes e de Boa Vista do Tupim, mantidas pela Bahia Pesca.

A retomada dos processos de peixamento em aguadas públicas e comunitárias ganha ênfase a partir do segundo semestre, por causa do aumento da temperatura nas localidades onde os alevinos são criados. E isso, como destacou o gerente de Aqüicultura da Bahia Pesca, Gilvan Lima, vai permitir que boa parte da demanda dos municípios seja atendida. “Estamos fazendo todos os esforços para que, com o aumento da produção nas estações, possamos atender ao maior número possível de pleito das prefeituras e associações”, disse Gilvan.

A Bahia Pesca mantém em atividade as estações de piscicultura de Joanes II (Camaçari), Pedra do Cavalo (Cachoeira), Itapicuru (Cipó), Paraguaçu (Boa Vista do Tupim), Porto Novo (Santana), Jequié (Jequié) e Itamaraju (Itamaraju).

Emprego e renda

O município de Jiquiriça, localizado no centro do vale do mesmo nome, foi um dos que solicitaram o peixamento de aguadas, durante da realização do evento Seagri Itinerante, que reuniu 22 municípios da região, em junho deste ano. Na ocasião, o secretário da Agricultura, Roberto Muniz, reuniu os dirigentes dos órgãos que compõem a estrutura da secretaria, e discutiu com produtores as formas de intensificar as ações do Governo Estado na região. E a piscicultura foi uma delas, a cargo da Bahia Pesca.

Dos 100 mil alevinos distribuídos em Jiquiriçá, já como parte do atendimento das solicitações feitas à Bahia Pesca, boa parte foi entregue diretamente aos pequenos produtores, que estavam aguardando a chegada do caminhão com os alevinos, na sede da prefeitura.Um dos primeiros a chegar foi o agricultor Manoel Menezes dos Santos, de 62 anos, que mantém dois tanques na localidade de Cova da Onça, a três quilômetros da sede do município.

Um outro produtor, Armando Mariano Santos Costa, 38 anos, veio de locais mais distantes em busca dos alevinos. Com um triciclo improvisado, ele levou dois mil alevinos para dois tanques que mantém na Fazenda Floresta, a 13 quilômetros da cidade.

Nos próximos sete meses, a expectativa é que essas famílias já possam colher os resultados, com peixes acima das 700 gramas, que poderão ser consumidos ou comercializados na própria região.

Peixe e mandioca

A cultura da mandioca ainda é o forte das mais de 100 famílias que residem no povoado de Serraria, a 28 quilômetros da sede do município de Jiquiriçá. Mas em meio às roças, entremeadas com cacau e banana, surgem, em número cada vez maior, pequenos tanques escavados, onde são criados peixes dos tipos tilápias, tambaquis e carpas.

Um dos pioneiros nessa atividade é o agricultor João Francisco dos Santos Filho, de 62 anos, que mantém em sua propriedade, quatro tanques escavados, onde já cria peixes há mais de um ano. No último final de semana, ele recebeu mil alevinos de tambaquis da Bahia pesca para colocar em um novo tanque, escavado próximo à roça de cacau que cultiva. “Daqui a sete meses quero tirar pelo menos 150 quilos de peixe”, disse, confiante.

Outro agricultor, Oswaldo Carlos dos Santos, de 59 anos, antigo plantador de mandioca e banana na região, também resolveu apostar na piscicultura como uma forma de complementar a renda da família e ainda ajudar os filhos e netos que também vivem da agricultura de subsistência. Aproveitando as aguadas que possui em sua propriedade, ele escavou dois tanques e começou a povoá-los com alevinos. “Fiz por conta própria, mas, agora, com orientação técnica, espero desenvolver uma boa produção nos próximos meses”.