Cerca de 200 acampados e pré-assentados da Bahia realizam a Feira de Saberes e Sabores do PSAN – Pré-Assentamentos da Reforma Agrária no Estado da Bahia, entre quinta (6) e sexta-feira (7), na Praça Municipal de Salvador. Eles são representantes das 8,4 mil famílias beneficiadas pelo Projeto de Segurança Alimentar e Nutricional em Acampamentos e nos PSAN.

A feira é realizada a partir de uma parceria entre Cáritas Brasileira – Regional Nordeste 3 (Bahia/Sergipe), Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e movimentos sociais.

A expectativa é que mais de 500 pessoas participem diretamente desta atividade, além de representantes de organizações da sociedade civil. A feira vai promover a troca de produtos das áreas de reforma agrária e proporcionar um momento de intercâmbio de experiências, incentivando o engajamento dos acampados e pré-assentados no movimento de Economia Solidária.

O encerramento do evento será realizado no sábado (8), com o Seminário de Avaliação do PSAN. Os envolvidos se reúnem para lançar um olhar crítico sobre as ações desenvolvidas e o papel que têm desempenhado ao longo do processo de implantação dos Sistemas Coletivos de Produção.

Política de Segurança Alimentar e Nutricional

Durante o seminário serão apresentados dois instrumentos de sistematização do projeto: a revista e a pré-edição do vídeo do PSAN. O Seminário de Avaliação serve de subsídio para planejar a continuidade e a sustentabilidade do projeto, tendo em vista a construção da Política de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado da Bahia.

Com um investimento total de R$ 3,1 milhões, o PSAN articula diversos movimentos e entidades de luta pela terra na estruturação de sistemas coletivos de produção em núcleos familiares para o auto-abastecimento e a comercialização de excedentes em feiras locais.

Agentes de mobilização ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Bahia (Fetag), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Pastoral Rural de Paulo Afonso, Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) e Movimento Estadual dos Trabalhadores Assentados e Quilombolas (Ceta) participaram de um curso sobre segurança alimentar e nutricional.

O curso abordou temas como políticas de segurança alimentar, história de luta pela terra, produção agroecológica, educação popular, equidade de gênero e geração, diagnóstico participativo e elaboração de projetos produtivos.

Oficinas: Com base nestes conhecimentos, cada agente organizou cerca de 100 famílias em núcleos familiares para a realização de oficinas de socialização dos princípios agroecológicos que resultaram na elaboração de diversos projetos: criação de pequenos animais, hortas, implantação de lavouras, criação de abelha, viveiros de mudas, canteiros de ervas medicinais e banco de sementes.

Durante as oficinas as famílias resgatam técnicas fundamentais para a segurança e soberania alimentar, como o uso de sementes crioulas, aproveitamento de plantas nativas, adubação orgânica e práticas de reflorestamento.

Os movimentos e entidades parceiras do projeto integram o Grupo Gestor do PSAN, onde contribuem no monitoramento, avaliação e planejamento das ações. Com isso, o projeto também contribui para o fortalecimento e articulação da sociedade civil organizada na luta pela Reforma Agrária e no processo de construção da Política de Segurança Alimentar e Nutricional no Estado da Bahia.

Para a lavradora Janaína, do MST, o Projeto dá possibilidade ao acampado desenvolver experiências para quando ele tiver assentado. “A gente não entra na terra de mão vazia, já entra com uma sementinha”, disse.