Vinícius Souza, de 13 anos, primeiro paciente a receber o tecido artificial Pelnac, obtido a partir de pele de porco, em cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Bahia, foi submetido nesta segunda-feira (17) a nova cirurgia na Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ) do Hospital Municipal de Cruz das Almas. Desta vez, ele recebeu enxerto da própria pele, sobre a base dérmica formada pelo tecido que recebeu em cirurgia realizada dia 27 de julho.

Além de Vinícius, outra paciente também foi beneficiada com cirurgia, na mesma unidade, para implante de pele artificial – no caso dela, a pele era composta por colágeno de tendão bovino e silicone.

No procedimento realizado ontem, foram retiradas lâminas de pele da perna e coxa de Vinícius para serem aplicadas sobre a base dérmica formada pelo Pelnac. O processo, segundo explica o cirurgião plástico Carlos Briglia, que realizou o procedimento, evita a cicatrização por segunda intenção – a chamada placa elevada ou plastrão cicatricial, que causa deformidade no paciente.

Briglia explica que o tecido artificial – o Pelnac, no caso de Vinicius – forma a base necessária para estimulação das células do próprio paciente, obtidas a partir do enxerto de sua pele, no sentido de “amolecer” o tecido da área afetada pelas cicatrizes da queimadura, tornando-o flexível a fim de permitir a recuperação dos movimentos.

Estética

“Essa maturação da cicatriz, além de ter esse caráter funcional de permitir os movimentos, também proporciona um aspecto mais agradável, tendo, portanto, cunho estético”, acrescentou Briglia, que foi assistido, na cirurgia, pela enfermeira Manuela de Castro, coordenadora da UTQ.

A cirurgia abrangeu apenas parte do tórax do menino, que apresenta cicatrizes também no pescoço e parte inferior do rosto. Outros procedimentos terão que ser realizados, como explica o cirurgião Carlos Briglia. “O Pelnac que nós recebemos como doação, do fabricante, custou cerca de R$ 80 mil, e é preciso que o município onde o paciente reside possa custear as novas cirurgias que ele ainda deve fazer”. Segundo Braglia, o paciente queimado é barato, quando se investe nele. “Alto é o custo social quando não se investe, porque ele não vai produzir”.

Para a mãe de Vinícius, Vilma Souza, a expectativa com mais uma cirurgia é de que sejam alcançados os objetivos de recuperação e que ele vença as limitações de movimento que ainda apresenta, “seguindo o curso normal de uma vida feliz e produtiva”. O acidente aconteceu há dois anos, quando outras crianças brincavam com álcool líquido. “Eu espero ficar melhor, cumprir mais esta estapa”, diz Vinicius, que reside em Camaçari e cursa a 7ª série do ensino fundamental.