Único estado do país a fornecer o medicamento de alto custo para tratamento da osteoporose avançada, a Bahia está à frente no combate à doença que atinge mundialmente três em cada cinco mulheres e um em cada cinco homens. Diante da iniciativa estadual, representantes da Federação Nacional de Associações de Pacientes e de Combate à Osteoporose (Fenapco) reuniram-se, nesta terça-feira (4), com o governador Jaques Wagner para parabenizá-lo pela medida pioneira.

A medicação, chamada Teriparatida (hormônio da paratireóide), é considerada a única eficaz para recuperação dos doentes em estado crítico e repassada, aqui, através do Sistema Único de Saúde (SUS). Seu custo mensal varia de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil. A presidente da Fenapco, Suely Roitman, afirma que nos demais estados brasileiros os portadores de osteoporose só têm acesso à medicação mediante recursos judiciais.

Em Salvador, o medicamento é distribuído no Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba) e no Centro de Referência Estadual de Atenção à Saúde do Idoso (Creasi). No interior, são quatro postos de distribuição, localizados nas cidades de Jequié, Vitória da Conquista, Amargosa e Guanambi. Para ter acesso ao remédio, basta estar cadastrado nos protocolos do Creasi.

“É um atendimento realmente diferenciado que só acontece aqui na Bahia, por isso, gostaríamos de levar esse projeto daqui como modelo para outros estados, já que no Brasil inteiro nós temos problemas com essa doença crônica”, disse ela.

O secretário de Saúde, Jorge Solla, explicou que a distribuição do remédio foi incorporada ao protocolo do SUS baiano devido a uma pesquisa inédita realizada por médicos baianos.

“Os resultados positivos da utilização do remédio evidenciaram que, mesmo de alto custo, a medicação evita gastos ainda maiores do estado com internações e cirurgias, já que a maioria dos pacientes é idosa e acaba sofrendo uma série de fraturas”, assinalou o secretário.

Estatísticas

De acordo com Solla, a Bahia possui nove mil pacientes com quadro de osteoporose. Deste total, 353 fazem uso da Teriparatida. “Cerca de 7% dos gastos públicos com medicamentos de alto custo são destinados a esta medicação. Em 2008, investimos mais de R$ 4 milhões na aquisição do remédio, mas economizamos muito mais”.

Pesquisa pioneira amplia protocolo do medicamento

Com coordenação do geriatra Antônio Carlos Silva Santos, o estudo apontado por Solla como responsável pela incorporação da Teriparatida no protocolo do SUS foi o primeiro realizado no país num serviço público de saúde. O objetivo foi avaliar as alterações na densidade óssea de 37 pacientes com osteoporose altamente agressiva, após um ano de utilização contínua do medicamento.

“O resultado foi animador. Nenhuma das pessoas apresentou novas fraturas e vimos um ganho da densidade óssea”, comentou o geriatra. Segundo o médico, o medicamento não é para uso indiscriminado, sendo aconselhado apenas quando as demais possibilidades de tratamento forem esgotadas.

“Além disso, a Teriparatida só pode ser utilizada por dois anos, depois disso os efeitos podem se reverter. Por isso, os pacientes devem continuar com remédios para controle da doença que, apesar de não ter cura, pode ser facilmente controlada quando descoberta antecipadamente”, completou.

Aos 68 anos, Zélia Carvalho foi uma das pessoas que participaram da pesquisa. A aposentada estima que há dez anos convive com a doença, descoberta já em estágio avançado por conta de crises de dor. “Meu tratamento com a Teriparatida terminou no ano passado, mas desde as primeiras aplicações já comecei a notar a diferença. Hoje, eu me exercito, caminho e faço diversos movimentos que até então a dor não permitia”, contou Zélia.

“A melhoria na qualidade de vida da terceira idade recompensa os investimentos do estado. Às vezes queremos poupar com medicamentos como esse e acabamos gastando mais com internações e UTI. É bom ver uma pessoa que melhorou depois da medicação e acredito que uma vitrine como esta já contribui com a evolução do combate á osteoporose em todo país”, destacou Wagner.