“Estou muito feliz. Bati perna durante três meses tentando fazer a cirurgia na mão e finalmente consegui”. O depoimento é do marceneiro Victor Dias Pereira, 37 anos, um dos três primeiros beneficiados com a inauguração, na manhã desta segunda-feira (24), do Serviço de Cirurgia de Mão do Hospital Manoel Victorino (HMV).

Vítima de acidente de motocicleta, Victor perdeu o movimento da mão e ficou impossibilitado de trabalhar. Após a cirurgia, a expectativa é que recupere os movimentos dentro de três meses e possa retomar seu trabalho.

O cirurgião Enilton Ribeiro de Mattos, que integra a equipe do Serviço de Cirurgia de Mão do HMV e do Hospital Geral do Estado (HGE), chama atenção para o perfil das pessoas que sofrem lesões traumáticas nas mãos, ficando impossibilitadas de trabalhar. Segundo o especialista, as principais vítimas são homens, trabalhadores e em idade produtiva, que precisam ser submetidos à cirurgia para voltar a exercer suas atividades e garantir o sustento de suas famílias.

Com a meta de realizar cerca de 120 procedimentos cirúrgicos por mês, o HMV começou a realizar cirurgias de mão e suas complicações – óssea, de tendão e nervos periféricos. Além de Victor, Fernando Marques Santos e Ricardo Farias dos Santos foram os outros pacientes atendidos no primeiro dia de funcionamento do serviço.

Segundo o diretor do HMV, Paulo Bicalho, a implantação do serviço foi possível em função do empenho da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), por meio da diretoria de Gestão da Rede Própria. Ele explica que, para viabilizar a implantação do serviço, foi criado um ambulatório, no térreo da unidade, onde é feito o atendimento inicial aos pacientes.

O ambulatório, que funciona de segunda a sexta-feira, de 13h30 às 18h, atende pacientes provenientes de outros hospitais, onde recebem o atendimento de urgência/emergência. “No ambulatório, a equipe de especialistas avalia os pacientes e, caso haja realmente indicação cirúrgica, agenda o procedimento”, conta Bicalho, acrescentando que o serviço conta ainda com enfermaria, com quatro leitos.

O diretor de Gestão da Rede Própria da Sesab, Renan Araújo, ressalta que o Serviço de Cirurgia de Mão do HMV está dotado de centro cirúrgico específico, possibilitando o fluxo exclusivo de pacientes, sem relação com outras demandas do hospital. Ele diz também que, com a ampliação do atendimento no Serviço de Cirurgia de Mão HGE, “esperamos acabar com qualquer possibilidade de fila de espera para cirurgia, operando precocemente os pacientes e reduzindo os riscos de seqüelas”.

Nova cirurgia pelo SUS

O motorista Fernando Marques Santos teve a mão atingida pela porta de um veículo e em seguida, sofreu uma queda, passando a sofrer de uma lesão chamada pseudoartrose do escafóide. Impossibilitado de trabalhar, passou dois meses tentando fazer a cirurgia de reparo.

O cirurgião Marius Wert, que coordena os serviços do Manoel Victorino e do HGE, conta que essa foi a primeira cirurgia deste tipo realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Bahia. Segundo ele, quando não tratado adequadamente, esse tipo de lesão leva à completa degeneração do punho. A outra cirurgia realizada hoje, para correção de uma luxação crônica, beneficiou o padeiro Ricardo Farias dos Santos.

O cirurgião revela que a prioridade de atendimento é para os casos de lesões traumáticas, de tratamento eletivo, e que o serviço “complementa o trabalho que já vem sendo feito no HGE, que é referência para urgência/emergência e recentemente teve o número de especialistas ampliado, passando a atender em regime de plantão de 24 horas”.

Serviço pioneiro

O Serviço de Cirurgia de Mão do HGE é pioneiro no atendimento a urgência e emergência na rede pública da Bahia e um dos primeiros a entrar em funcionamento no país. A equipe, a mesma que atua no Manoel Victorino, é composta por 18 especialistas, membros titulares da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão.

O serviço, que contabiliza entre 250 e 280 cirurgias/mês, vem obtendo reconhecimento nacional, colocando o estado em posição de destaque na resolução das lesões agudas da mão, que respondem por cerca de 30% de todos os traumas que chegam às emergências.

Wert fala ainda sobre a importância do atendimento adequado nos casos de acidentes com traumas na mão, e ressalta que o atendimento especializado e imediato resulta num índice bem menor de sequelas graves. “A partir de agora, o Serviço de Cirurgia de Mão do HGE tem o importante apoio no Manoel Vitorino, que, de forma integrada e com a mesma equipe de profissionais do HGE, responde pelas cirurgias eletivas necessárias após o atendimento de urgência e emergência às vítimas de traumas e queimaduras com lesões de mão, atendidas não só do HGE, mas também em outras unidades hospitalares”, finaliza o cirurgião.