Inaugurado Primeiro Banco de Leite da rede estadual em Salvador

O banco de leite do Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba) foi entregue nesta quarta-feira (19), em Salvador. Primeiro da rede estadual na capital baiana, a unidade tem capacidade de armazenamento de 1.100 litros. De acordo com o secretário da saúde, Jorge Solla, o banco vai contribuir para a redução da mortalidade infantil.

“O leite materno é o melhor alimento e o mais rico em nutrientes. Então, a partir do momento que você disponibiliza esse leite para os bebês que estão nascendo, mais eles tem condições de sobreviver e reagir a qualquer tipo de bactéria”, destaca Solla.

Eleita a madrinha do banco de leite, a presidente das Voluntárias Sociais, Fátima Mendonça, enfatizou a importância da amamentação. “É preciso incentivar a amamentação. Quanto mais o bebê mama, mais ele tem saúde. Espero que este seja o primeiro de muitos bancos”, disse.

Inicialmente as principais doadoras serão as mães que dão à luz na própria unidade. Elas devem estar amamentando, terem feito o pré-natal, com comprovante dos exames sorológicos, e contarem com leite excedente (situação em que vaza e molha a roupa ou que mantém as mamas cheias mesmo após o aleitamento). Gente como Sandra Damasceno, que já é mãe de uma adolescente de 16 anos e que há poucos dias deu a luz à pequena Isabela. "É muito bom saber que eu tenho leite suficiente para amamentar a minha filha e ajudar na alimentação de outras crianças", comemorou.

Segundo a coordenadora do Banco, Cibele Correa, doar leite é muito mais prático que a doação de sangue. “Basta você ser mãe, ter muito leite e estar bem de saúde. Não tem agulha e não é preciso ter esta ou aquela idade ou este ou aquele peso”, comenta. Ela deixou claro também que, ao contrário do que muita gente pensa, doar o leite não significa que ele ficará escasso, faltando para o próprio filho. “Quanto mais se estimula a amamentação, a produção do leite aumenta”, explica a coordenadora.

Principais beneficiados

Recém-nascidos de alto risco e prematuros extremos são os principais beneficiados com o leite. Também recebem o leite aqueles que não podem ser amamentados pela própria mãe por algum motivo, como problemas de saúde ou uso de drogas. Entre os 500 bebês que nascem por mês no Iperba, pelo menos 25 necessitam deste cuidado especial.

A entrega de potes de maionese e café solúvel vazios com tampas plásticas também ajuda a unidade, que utiliza os frascos para acondicionar o líquido coletado.

Antes de chegar à criança, o leite é processado a 62,5 °C, por 30 minutos, período em que são eliminados micro-organismos patógenos, inclusive o vírus HIV. Depois ele é colocado em um resfriador a 5°C por 15 minutos. Amostras são encaminhadas então para um laboratório de análise clínica, que fornece um laudo em sete dias. "Ele indica se o leite está apto ou não para o consumo", diz Cibele.

A inauguração serviu também para abrir a possibilidade de coleta externa. O Corpo de Bombeiros e o Iperba estão analisando formas de tornar possível este projeto. “Há a possibilidade de ampliarmos a coleta e irmos em domicílio fazê-la. Mas, ainda estamos estruturando a ideia para que ela se torne possível”, disse o Major do corpo de bombeiros, Julho.

As interessadas em colaborar precisam ligar para o telefone 3116-5118 ou ir pessoalmente ao Banco que fica na Rua Texeira Barros, 72, Brotas.

Na ocasião a primeira dama, Fátima Mendonça, o secretário da Saúde, Jorge Solla e o governador, Jaques Wagner, que não estava presente no evento, foram homenageados com uma placa do Instituto, pelo empenho com a saúde estadual.

Outras ações da unidade

Fundado em novembro de 1975, o Iperba compõe a rede própria de unidades de saúde da Sesab. Hoje, a instituição possui ambulatório especializado para atender nas áreas de pré-natal de risco, ultrassonografia, planejamento sexual e reprodutivo, ginecologia clínica e cirúrgica, mastologia, uroginecologia, prevenção do câncer uterino e de mama, serviço social, enfermagem, psicologia e estimulação precoce.

Na área hospitalar, atende na sua emergência de obstetrícia e ginecologia, a cerca de 250 mulheres/dia em várias situações como em processo de abortamento. Além disso, realiza 30 partos/dia e a interrupção de gestação nos casos previstos em lei (violência e risco de vida para a mulher).