Mesmo com o corpo cansado por conta dos 103 anos de vida, Mãe Filhinha, uma das mais antigas integrantes da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, ainda guarda muita energia para dedicar algumas horas de devoção à santa católica. Este ano, ela não caminhou nas procissões que passaram pelas principais ruas da Cidade Histórica de Cachoeira, a 111 quilômetros de Salvador, no Recôncavo baiano, mas acompanhou todos os atos da Irmandade, representante do sincretismo religioso do povo baiano.

Assim como Mãe Filhinha, outras 24 afro-descendentes com mais de 50 anos de idade também compuseram uma das mais antigas manifestações religiosas da Bahia. O primeiro compromisso após a Esmola Geral – que representa a abertura dos festejos – foi a procissão, que saiu, na noite de quinta-feira (13), da Capelinha da Irmandade em direção à Igreja Matriz, onde participaram de uma missa em homenagem às integrantes já falecidas do grupo.

Em seguida, a Ceia Branca – cerimônia fechada para as irmãs e convidados – abriu oficialmente a noite de vigília. Durante a noite desta sexta-feira (14), será realizada a missa de Corpo Presente e, em seguida, as irmãs realizarão a cerimônia de enterro de Nossa Senhora da Boa Morte, numa procissão que reunirá os católicos e adeptos do candomblé.

O ponto alto das festividades ocorre neste sábado, com uma vasta programação que inclui sessões e missas solenes, almoço e apresentações de grupos de samba de roda característicos do Recôncavo. Este ano, a Secretaria de Turismo da Bahia (Setur) destinou R$ 80 mil para os festejos. Os recursos são oriundos de emendas parlamentares.