A Secretaria da Agricultura Irrigação e Reforma Agrária (Seagri) está incentivando e melhorando geneticamente a caprinovinocultura, principal cadeia produtiva do semiárido baiano. Com o projeto Sertão Produtivo, desenvolvido pela Seagri e que compõe o Programa Terra de Valor, o Governo do Estado vai entregar, até o final do ano, 38.200 caprinos e ovinos a mais de 7.500 famílias de agricultores em 126 municípios. Até o momento, foram atendidas 4.600 famílias em 77 municípios e entregues 23.800 animais, entre fêmeas mestiças e machos Puro de Origem (PO) das raças Anglo Nubiano, Boer, Dorper e Santa Inês.

Segundo destaca o secretário da Agricultura, Roberto Muniz, além de garantir a melhoria genética e o aumento do rebanho no estado, a ação do Governo traz a sustentabilidade para a região semiárida e para mais de sete mil famílias, com geração de emprego e renda. A Bahia lidera o ranking nacional de caprinos com um rebanho estimado em 4,5 milhões de cabeças e está em segundo lugar na criação de ovinos, com 2,5 milhões, superada apenas pelo Rio Grande do Sul. “Queremos fazer dessa cadeia a sustentabilidade desse povo, melhorando a qualidade da carcaça animal, da carne e do leite ofertados, garantindo a viabilidade do projeto, que repercute no desenvolvimento do semiárido”, declarou Muniz.

O superintendente de Agricultura Familiar da Seagri, Ailton Florêncio, destaca que o projeto estimula também a organização social nos municípios. “Para participar do programa, os agricultores se organizam em associação ou cooperativa”, disse ele, acrescentando que o sentimento de solidariedade também é desenvolvido. “No prazo de 18 meses, cada família contemplada deverá entregar o mesmo número de animais a uma segunda família, garantindo o prosseguimento do projeto e a ampliação do número de agricultores familiares beneficiados”, explicou.

Controle de qualidade

Para garantir que os agricultores familiares incluídos no Programa Sertão Produtivo só recebam animais de qualidade e sanidade comprovadas, a Secretaria da Agricultura criou comissões locais em todos os municípios, formadas pelo secretário municipal da Agricultura ou técnico indicado por ele, por membros do sindicato dos trabalhadores rurais e por representantes da associação ou cooperativa dos beneficiados pelo programa, da Agência Estadual de Defesa Agropecuária e da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA).

Estas comissões têm a missão de inspecionar os animais para verificar a qualidade e realizar a vistoria sanitária e também têm poder para rejeitar até todos os animais, obrigando o fornecedor a entregar novo lote, de acordo com as especificações.

“Criamos este sistema de monitoramento, com a participação da sociedade, da comunidade local, para proteger os agricultores familiares”, disse Muniz. Ele lembra que “as comissões estão atuantes, dando a garantia de que os animais entregues aos agricultores são de qualidade e estão em perfeito estado”. Um detalhe importante: os fornecedores só recebem o valor contratado depois da entrega perfeita dos animais, com a anuência da comissão municipal.

Exigências

Os animais são submetidos às ações sanitárias da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia, Adab, que tem a função de assegurar a sanidade dos animais através de inspeção clínica e exigência aos fornecedores da documentação sanitária específica. Para os caprinos é exigida a Guia de Transporte de Animais (GTA) e o atestado Negativo de Exame Laboratorial para animais a partir dos seis meses de idade. Já para os ovinos é exigida a GTA.

Cada família selecionada pelo projeto recebe cinco matrizes melhoradas de caprinos ou ovinos. O impacto do melhoramento genético do rebanho é garantido através da distribuição dos animais em regime de doação rotativa. Cada família beneficiada nessa fase do programa doará a mesma quantidade de animais para uma segunda família, num prazo de 18 meses. As raças distribuídas possuem dupla aptidão (carne e leite) e se adaptam muito bem ao semiárido, com alta taxa de fertilidade e baixo custo de criação.