Garantir o direito à Educação para as comunidades quilombolas da Bahia, onde vivem afrodescendentes remanescentes de pessoas que lutaram contra a escravidão. Esse é o objetivo do pacto de cooperação firmado entre o governo federal, o Governo da Bahia e os municípios baianos, nesta segunda-feira (14), no Instituto Anísio Teixeira (IAT), por prefeitos e secretários da Educação de 89 municípios do estado.

O pacto inclui a construção de 23 escolas no estado. A perspectiva é que essa parceria se amplie para a elaboração de material didático específico e formação continuada de professores. “O projeto pretende não só criar escolas, mas também ampliar o efeito das políticas públicas educacionais de reparação e inclusão de negros e negras na escolarização formal na Bahia”, afirmou o chefe de gabinete da Secretaria da Educação, Paulo Pontes.

A inclusão social acontece com a educação, reconhece o prefeito de São Gabriel, José Carlos Ferreira, salientando que, “só agora, com o reconhecimento, de fato, do preconceito que o negro sofreu durante todo o percurso da história brasileira, é que o erro poderá ser reparado.”

A Bahia é o segundo estado com o maior número de população quilombola do Brasil. Do total de 1.340 comunidades certificadas pela Fundação Cultural Palmares, do governo federal, mais de 500 estão na Bahia, das quais, cerca de 300 já são reconhecidas pela Fundação Palmares.

Morador da comunidade quilombola de Laje dos Negros, em Campo Formoso, Firme Costa, 43, acredita que o pacto entre os governos vai beneficiar sua comunidade, informando que “a necessidade mais urgente é de uma escola de 2º grau, pois moramos num povoado muito distante, a 120 quilômetros de Juazeiro e 96 quilômetros de Campo Formoso”. Segundo ele, “cerca de 190 jovens se formam por ano, mas, para isso, precisam se deslocar para a cidade e os que não podem se deslocar, infelizmente, ficam sem estudar”.

Laje dos Negros

Localizada no município de Campo Formoso, no sertão baiano, a 96 quilômetros da sede da Codevasf, em Juazeiro, Lage dos Negros é uma das quase 500 comunidades existentes na Bahia. Foi fundada em meados do século XIX por um escravo negro de nome Luiz José dos Santos.

Laje dos Negros faz divisa com o município de Juazeiro, a uma distância de 120 quilômetros, com o qual tem uma forte relação econômica e social. Também faz divisa com os municípios de Umburanas e Sento Sé, ambos na Bahia. Possui uma população estimada em torno de 15 mil habitantes, incluindo a sede do distrito e as localidades de Gameleira, Pedra, Patos, Casa Nova, Abreus, Alagadiço, Borges, Queixo Dantas, Pacuí e Bebedouro.