Jovens e adultos interessados em garantir o direito de se alfabetizar têm até esta quarta-feira (30) para se inscrever no programa Todos pela Alfabetização (Topa) 2009. Com meta de alfabetizar até 2010 um milhão de baianos, a partir de 15 anos, o programa da Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) trabalha com a alfabetização sob a concepção de que este é um direito do cidadão que não prescreve com a idade.

Na primeira etapa, em 2007, foram alfabetizadas 171 mil pessoas. Atualmente, o Topa conta com 351 mil alfabetizandos em sala de aula e a meta é matricular 300 mil baianos para a terceira etapa. Até o momento são 247 mil inscritos para o programa, este ano.

Os interessados devem se dirigir à sede das Diretorias Regionais da Educação (Direc) ou às secretarias municipais da Educação. Já as entidades dos movimentos social e sindical que desejam aderir ao programa, devem procurar as Direc.

Em sua segunda edição, o programa esteve presente em 415 municípios, contou com a parceria de 441 entidades entre sindicatos, ONGs, associações de bairros e outras organizações, e com a adesão de 358 prefeituras. Contudo, a meta é atender aos 417 municípios da Bahia. Os municípios que ainda não aderiram devem procurar a coordenação do Topa na sede da SEC, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), na sala 402.

Resultados

Os números divulgados pela Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad), do IBGE, mostram que o índice de analfabetismo na Bahia, entre as pessoas com 15 anos ou mais idade, em 2007, era de 18,4% e caiu para 17,3%.

Um dos responsáveis por isso foi o Topa, programa que tem proporcionado a milhares de baianos a oportunidade de mudar suas vidas. Um desses exemplos foi a alfabetizanda Edilene Jorge dos Santos, 17 anos, que, tão logo aprendeu a escrever, tratou de substituir a carteira de identidade com impressão digital por outra com sua assinatura.

“Mudou muita coisa na minha vida. Agora consigo ler e escrever. Não é difícil não”, diz a jovem. A alfabetizanda Laura Maria de Jesus, 68 anos, também não vê a hora de substituir a velha identidade por uma nova. Porém, está aperfeiçoando a letra para fazer bonito no documento. No caso da alfabetizanda Ana Cláudia de Jesus Santos, 30 anos, o que mais a deixa feliz é que, agora, não precisa mais ficar perguntando nos pontos de ônibus que linha é que está passando. “Estou aprendendo muito e, mesmo soletrando, eu agora consigo me virar sozinha”.

O programa prevê o cumprimento de oito meses de atividades de sala de aula, considerando as realidades locais, as especificidades territoriais e as populações atendidas (pescadores, agricultores, barraqueiros, marisqueiros, remanescentes de quilombolas, dentre outras), traduzidas pela sazonalidade, gerando calendários específicos nas localidades atendidas pelo programa.

“O Topa é uma ação prioritária de governo. Não é fácil superar os índices e os municípios. Movimentos sociais e ONG têm sido parceiros”, explica a coordenadora do Topa, Elenir Alves. Além de promover uma educação de qualidade para a população, o programa trabalha para garantir aos alfabetizandos a continuidade dos estudos, seja nos cursos de Educação de Jovens e Adultos ou regular, fundamentais na formação educacional de todo indivíduo.

“Historicamente o analfabetismo era encarado como doença. O problema não era tido como prioridade de governo e nós assumimos este compromisso. Em algum momento de suas vidas as pessoas foram excluídas deste direito e nós estamos lutando para mudar isso”, destaca a coordenadora do Topa.

Este ano, a atenção dos organizadores do programa está voltada, especialmente, para as entidades de pescadores, quilombolas, comunidades carcerária e indígenas. Com a finalidade de garantir a qualidade do programa, está sendo realizado, no início de cada etapa, um programa de formação inicial e continuada para os alfabetizadores, coordenadores de turma e tradutores-intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Superação e bom exemplo

Ao completar um século de existência, a aposentada Enedina Pereira da Silva receberá os parabéns de colegas, amigos e educadores na classe do programa Topa, por meio do qual está tendo, pela primeira vez, o contato com o universo do saber e das letras.

A aniversariante centenária não está sozinha nesta jornada de aprendizado. Ela divide a sala de aula com o filho único, Lourival Rodrigues, 61 anos, demonstrando, pela força do exemplo, que a idade não é impedimento para reescrever histórias.

A festa de aniversário, nesta quarta, às 19h, na sala cedida por uma creche do bairro Teotônio Vilela, em Ilhéus, terá direito a bolo e homenagens e é um presente da equipe supervisora e dos educadores do Topa. “Apesar da idade mais avançada, a alfabetizanda é lúcida e tem boa resposta de aprendizado. Para facilitar o processo educativo, vamos encaminhá-la para realizar exames de visão e fazer o uso de óculos, se necessário”, explica a professora Eunice Correia Santana.

Enedina também poderá continuar os estudos após o ciclo de oito meses de alfabetização até que possa ser encaminhada a uma turma regular de Educação para Jovens e Adultos (EJA). A equipe supervisora do Topa acompanha o programa na área de atuação da Diretoria Regional de Educação (Direc-6), com sede em Ilhéus.

São, ao todo, 853 turmas em funcionamento em Una, Canavieiras, Uruçuca, Itacaré, Arataca, Santa Luzia, Mascote e a cidade sede Ilhéus (com 380 turmas).