A solenidade de concessão do título Doutor Honoris Causa a Maria Stella de Azevedo Santos, a Mãe Stella de Oxóssi, aconteceu nesta quinta-feira (10) no Campus 1 da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), no Cabula. A honraria é uma das mais raras da instituição e é entregue a personalidades que tenham se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos.

Segundo o governador Jaques Wagner, o título é uma forma de a Bahia reconhecer a luta da líder religiosa pela preservação da cultura africana.

“São mais de 70 anos dedicando a vida ao candomblé e à preservação da cultura afro no nosso estado. Uma mulher que aos 84 anos continua no caminho de fazer o bem e de divulgar a nossa cultura. Esse reconhecimento é para estimular trabalhos bonitos como o dela”, disse Wagner.

O reitor da Uneb, Lourisvaldo Valentim, afirmou que a ialorixá construiu um legado cultural muito importante para a sociedade e por isso merece ser homenageada.

“Ela é uma líder religiosa que sempre lutou pela preservação da matriz africana, e a concessão desse título é uma forma que a comunidade acadêmica da Uneb encontrou para valorizar esse trabalho”, destacou Valentim.

Mãe Stella ficou lisonjeada pela lembrança de seu nome e o reconhecimento ao seu trabalho. “É bom saber que nosso trabalho é reconhecido. Essa luta pela preservação dos costumes tem que ir em frente. E homenagens como essa nos motivam a continuar nesse caminho”, declarou a ialorixá.

Mãe Stella de Oxóssi teve o nome sugerido pela consultora técnica do Programa de Pós-graduação em Estudo de Linguagens da universidade, Ieda Pessoa. A proposta foi formalizada no Conselho Superior Universitário da Uneb pelo diretor do Departamento de Ciências Humanas do Campus 1, Egnaldo Pellegrino.

Vida e obra

Maria Stella de Azevedo Santos nasceu em Salvador, em 2 de maio de 1925, e se tornou ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá em 11 de junho de 1976, passando a ser a quinta sacerdotisa do candomblé de São Gonçalo do Retiro.

A ialorixá é respeitada em todo o Brasil, realizando palestras e participando de seminários sobre a cultura afrodescendente. Em 2001, ganhou o Prêmio Estadão, na condição de fomentadora de cultura.

Mãe Stella é graduada pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (Ufba), com especialização em Saúde Pública, e exerceu a profissão por mais de 30 anos como funcionária pública do Estado.

A enfermeira também se destacou por ter sido a primeira ialorixá de um terreiro tradicional a combater o sincretismo religioso com a Igreja Católica.

Em 1980, fundou o primeiro museu de um terreiro de candomblé: o Ohun Lailai. É também a presidente emérita do Instituto Alaiandê Xirê, do qual foi fundadora. É ainda detentora da comenda Maria Quitéria, da prefeitura de Salvador, da Ordem do Cavaleiro, do governo estadual, e de comenda do Ministério da Cultura.