Pelo menos 40% dos 305 mil quilômetros quadrados do semiárido na Bahia estão comprometidos pela desertificação. A avaliação, do pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Iêdo Bezerra Sá, foi feita durante o Diálogo das Águas, na última sexta-feira (25), cujo tema, Desertificação e Água, lotou o Auditório Paulo Jackson do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), no Itaigara, em Salvador.

“Temos que voltar a fazer água”, disse Iêdo. Para ele, a solução é proteger as nascentes e as áreas de vegetação permanente. “Desertificação e água são temas muito ligados. Um é muito importante para o outro. O ideal é fazermos com que os nossos rios tenham a mesma qualidade de antes e conservar e recuperar principalmente as matas ciliares”, afirmou.

O pesquisador citou as áreas suscetíveis e quais as atividades cujo manejo conduz à desertificação. “O extrativismo, a exploração industrial e comercial, o pastoreio e a agricultura são ações que, realizadas incorretamente e de forma excessiva, podem incentivar o processo de desertificação”, explicou.

De acordo com Iêdo, as ações emergenciais seriam a eliminação total da descarga de esgotos, a recomposição das matas ciliares e a efetivação da política das áreas de proteção permanentes (APPs). “A água vai ser cada vez mais cara. Precisamos assegurar às atuais e às futuras gerações a disponibilidade desse recurso natural. Para isso, é necessário o uso adequado das terras no semiárido, sobretudo pelos agricultores familiares”, afirmou.

A série Diálogo das Águas, promovida pelo Ingá, tem como objetivo estimular na sociedade a discussão sobre temas relacionados à degradação ambiental provocada pelo homem e por seus impactos no meio ambiente e alertar sobre o avanço da escassez da água doce em diversas regiões do planeta.

Os debates acontecem sempre na última sexta-feira de cada mês e são voltados para ambientalistas, universitários, servidores públicos, dirigentes de órgãos e empresas públicas ou privadas, estudantes e demais interessados no tema.