O setor da construção civil lidera a geração de empregos com carteira assinada na Bahia este ano. O saldo de 10.426 novas vagas abertas de janeiro a julho está ligeiramente acima do saldo de vagas criadas no mesmo período de 2008 (10.294) pelo setor e representa 31,7% do total das vagas abertas no estado (32.890) no ano.

As informações são do estudo especial sobre emprego na construção civil da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento (Seplan), com base nos dados de julho do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A Bahia foi responsável por 60% dos postos formais criados na construção este ano no Nordeste.

O saldo de empregos na construção civil baiana só é superado no Brasil por São Paulo (31.881), Rio de Janeiro (13.574), Rondônia (12.353) e Minas Gerais (10.847) e representa 9,3% do saldo total do país para o setor este ano. O subsetor obras de infraestrutura, com abertura de 5.759 novos postos, foi o segmento de maior dinamicidade no setor, seguido da construção de edifícios (2.561) e dos serviços especializados para construção (2.106).

“Essa performance da construção civil resulta de um conjunto de medidas adotadas no sentido de minimizar os efeitos da crise e que encontra na Bahia uma conjuntura favorável, diante do bom momento que o setor vem apresentando há algum tempo. A dinâmica que a construção baiana apresentou no auge da crise contrasta com a que prevaleceu nacionalmente. No primeiro trimestre deste ano, o setor foi o que mais cresceu no estado, com taxa em torno de 6,2%, enquanto no Brasil houve uma retração de 9,8% no PIB do setor”, explicou o diretor-geral da SEI, José Geraldo Reis.

O secretário do Planejamento, Walter Pinheiro, declarou que essa expansão vem do acerto das políticas do governo federal de incentivo à construção civil. “Nunca se investiu tanto em habitações populares, saneamento e obras de infraestrutura no país, a exemplo dos programas habitacionais incorporados hoje pelo governo da Bahia através do Dias Melhores, do Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PHS), do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) e do Minha Casa Minha Vida. É também uma demonstração do aquecimento dos setores imobiliário e da construção no nosso estado, fruto do interesse dos empreendedores no mercado baiano”, disse.

O bom momento da construção civil na Bahia fez do estado destaque no montante de financiamentos imobiliários (construção e aquisição) no Nordeste, de janeiro a maio deste ano, com 30% de participação, segundo informações coletadas pela SEI no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Em relação ao Brasil, a participação do estado foi de 2,5%, atrás de São Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.

Salvador na frente

Salvador foi o município que mais gerou postos no ano (5.674 vagas), com resultado muito superior aos obtidos pelos demais municípios baianos que também tiveram saldos de empregos positivos no setor. Na segunda posição está Camaçari (818 vagas), seguido de Maragojipe (578), Lauro de Freitas (405), Teixeira de Freitas (400), Esplanada (368), Feira de Santana (259), Catu (228), Itabuna (219) e Nazaré (211).

As 5.759 novas vagas abertas no subsetor obras de infraestrutura estão relacionadas principalmente ao andamento da construção de sistemas de saneamento e de logística, em função das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e aos trabalhos de conclusão do metrô de Salvador, município que lidera a expansão desse subsetor com 2.817 novas vagas. As grandes empresas, com mais de 100 empregados, responderam por 3.855 postos nesse subgrupo.

Em seguida, aparece o segmento da construção de edifícios, com saldo de 2.561 novos postos este ano. Esse grupo cresceu fortemente há cerca de um ano, quando houve o boom dos lançamentos do setor imobiliário, acompanhado do crescimento das unidades comercializadas, o que se reflete atualmente na execução das obras e geração de postos de trabalho.

Os dados coletados na Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) informam que foram lançadas 17.376 novas unidades habitacionais em 2008, num incremento de 91,6% em relação a 2007. As vendas de imóveis cresceram no mesmo patamar em 2008: 98%, com cerca de 14.130 unidades vendidas.

Para o coordenador de Pesquisas Sociais da SEI, Laumar Neves, tanto no subsetor da construção de edifícios quanto no de serviços especializados para a construção, em terceiro lugar na geração de postos (2.106), uma curiosidade é que não foram as grandes empresas que mais criaram postos, e sim as microempresas, com até quatro funcionários. “Em termos absolutos, as microempresas criaram um total de 6.735 vagas, enquanto as grandes empresas, com mais de 100 empregados, geraram 4.051 novos postos”, destacou.

Jovens são maioria

O estudo da SEI traça um breve perfil dos trabalhadores formais que passaram a integrar o setor da construção civil este ano. Quase a totalidade deles (95,5%) é constituída de homens, 33,2% têm de 18 a 24 anos e 28,5% pertencem à faixa dos 30 aos 39 anos.

No quesito educação, de uma forma geral, eles possuem credenciais relativamente reduzidas, uma vez que 24,1% têm o ensino fundamental completo e 39,7% concluíram o ensino médio.