Contribuir para uma melhor estrutura do sistema da Segurança Pública na Bahia e capacitar os policiais atuantes na área técnica. Estes foram os objetivos do edital lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) e cujos projetos apoiados terão os resultados apresentados no 1º Seminário de Pesquisa em Segurança Pública do Departamento de Polícia Técnica da Bahia, que reunirá estudantes, professores e pesquisadores nesta terça-feira (29), a partir das 9h, no auditório do Instituto Médico Legal (IML), no Vale dos Barris.

Um dos projetos contemplados pelo edital da Fapesb, instituição vinculada à Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), desenvolveu metodologias e tecnologias inovadoras para a realização de perícias criminais em amostras com baixa concentração de material genético (DNA). Conhecidas na medicina forense pelo termo em inglês Low Copy Number (LCN), essas amostras são retiradas de tecido ósseo, fio de cabelo, tecido da dentina e tecidos em avançado estado de decomposição.

Publicada três vezes na revista Forense Science International, da Fundação Internacional de Genética Forense, que regulamenta todas as aplicações desta área no mundo, e recentemente apresentada num congresso internacional na Argentina, a pesquisa contou com R$ 125 mil para modernização do Laboratório de Genética Forense do DPT.

“Adquirimos reagentes e equipamentos de precisão que tornaram nosso laboratório uma referência no país. Somos agora autossuficientes em análises de LCN e mitocondriais em pelos humanos e animais”, explica o coordenador do laboratório, Eugênio Nascimento.

“Podemos ser comparados aos melhores do mundo sem exagero. Os investimentos, por meio do edital, mudaram a realidade da medicina forense na Bahia. Somente com inteligência e inovação construiremos uma segurança pública eficiente”, observa Nascimento.

Segundo ele, a partir desta pesquisa e de outros investimentos do Governo da Bahia, em torno de R$ 300 mil, foi possível agilizar a solução dos casos. “Nossa média hoje é de 500 casos solucionados por ano, acima da média de 300 nos demais estados. Reduzimos também o prazo de solução em até 50%. Alguns criminosos têm o perfil revelado em até 24 horas”.

Eugênio conta ainda que, na avaliação da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), os laboratórios modelos estão na Polícia Federal do Distrito Federal e na Polícia Civil também do Distrito Federal, do Rio Grande do Sul e da Bahia.

Casos recentes como o do acidente aéreo que vitimou uma família paulista no sul da Bahia e o assassinato de duas jovens em Camaçari puderam ser solucionados com celeridade graças aos novos métodos implantados.

Identificamos os corpos do acidente do bimotor em 24 horas e o estuprador e assassino das mulheres em três dias, utilizando a mesma tecnologia de análise de amostras com baixo teor de DNA”, destaca Nascimento.

Investimento em projetos de inovação

No total, a Fapesb desembolsou R$ 571 mil em dez projetos de inovação que investigam questões como intoxicação por carbamatos ou organofosforados, o popular “chumbinho”, análise de indícios de delito via internet, detecção de alcaloides (crack e cocaína) em compostos adulterantes, e o mapeamento da violência e criminalidade em Feira de Santana e região.

“Buscamos, utilizando a inovação, contribuir para o combate ao narcotráfico, ao crime e à violência. Nossa missão é investir em pesquisa para auxiliar todas as políticas públicas e áreas estratégicas do estado”, comenta a diretora-geral da Fapesb, Dora Leal.