Especialistas do Peru, Colômbia e Cuba, além do ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, serão palestrantes do 1º Seminário sobre Agricultura Urbana e Periurbana da Região Metropolitana de Salvador, que será realizado desta quarta-feira (7) a sexta (9), na Fundação Luis Eduardo Magalhães, no CAB.

O evento, organizado pela Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), por meio da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), pretende sensibilizar e mobilizar organizações não governamentais, universidades públicas e privadas e, principalmente, agricultores metropolitanos para construção coletiva da política da Agricultura Urbana e Periurbana.

Para o secretário da Agricultura, Roberto Muniz, a construção de políticas públicas para a agricultura urbana é importante no sentido de capacitar o produtor e ao mesmo tempo garantir a qualidade de tudo que é produzido nas hortas urbanas.

Durante o seminário, que conta com o apoio do MDS e da organização peruana Promoción Del Desarrollo Sostenible (Ipes), serão apresentadas experiências realizadas com sucesso na América Latina e Caribe, a exemplo de Cuba, Colômbia e Argentina. No Brasil, as referências exitosas encontram-se nos estados do Paraná, Minas Gerais e Piauí.

Entre os palestrantes estrangeiros estão assessor regional de Gestão de Conhecimento e Sustentabilidade do Peru, Alain Santandreu, a coordenadora de Educação em Alimentos e Nutrição da Colômbia, Ruth Maritza Mogollon, e o diretor de Agricultura Urbana da Província de Ciego Ávila, em Cuba, Ricardo Castañeda Campos.

De acordo com o diretor de Agricultura da EBDA, Hugo Pereira, as experiências apresentadas contribuirão para a capacitação dos agricultores urbanos e periurbanos baianos, ensinando-os a produzir alimentos saudáveis. “O Brasil possui um grande potencial agrícola e, a Bahia, com excelentes programas voltados à agricultura familiar, não poderia ficar de fora de um tema tão significante como esse”.

Fonte de Renda

A Região Metropolitana de Salvador possui cerca de 50 hortas urbanas. Seus produtos são comercializados no próprio local de plantio, com vendas diretas nas hortas ou distribuídas em supermercados de bairros, pizzarias, mercearias, asilos, creches e em outros espaços de grande concentração habitacional, aumentando significativamente a renda familiar do produtor.

Segundo o coordenador do programa em Salvador, o engenheiro agrônomo da EBDA, Carlos Armando, a política de Agricultura Urbana e Periurbana que se pretende construir, não pode ser uma política isolada, mas um instrumento de uma política maior de segurança alimentar e nutricional.

Nesse contexto, o programa buscará, por meio do fomento e da qualificação profissional, estimular a produção de alimentos voltados, sobretudo, para a elevação dos níveis de nutrição das populações mais vulneráveis e, se possível, para gerar excedente para a melhoria da renda das famílias assistidas.   “Higiene na manipulação dos alimentos, noções de educação ambiental, coleta seletiva, práticas agroecológicas, técnicas de produção em hortaliças e manejo sustentável das hortas são algumas das ações do programa que serão realizadas pela EBDA junto aos agricultores familiares da RMS”, informou o coordenador.

Qualidade de vida

Há um ano, desempregada e com o índice de colesterol elevado, Maria dos Ramos, 48 anos, foi convidada por sua amiga, Sandra Teixeira, a ocupar seu tempo ocioso na horta da Associação dos Produtores de Hortaliças Orgânicas (Aprhomol), do bairro de Coutos, onde Sandra é vice-presidente da associação. “Estou há sete meses plantando na associação e já me sinto outra mulher. Tudo o que colho, vendo na feirinha do bairro. Tenho sempre um dinheirinho para comprar as coisas de casa, as verduras eu levo da horta. A minha saúde está melhorando a cada dia. Tudo isso devo ao trabalho que faço na horta”, disse Maria.

Segundo o presidente da associação, Roque Batista, o exemplo de Maria dos Ramos está servindo como referência para as pessoas do bairro de Coutos, que começaram a perceber que as hortas podem ao uma alternativa para melhoria de vida e de renda.

Na Inglaterra e nos Estados Unidos, a rainha Elizabete II e a primeira-dama norte-americana, Michelle Obama, aderiram à agricultura urbana. As duas reservaram, nos jardins dos respectivos palácios, uma área determinada para plantar beterraba, cenoura, milho e vagens. A intenção das hortas urbanas é preservar o meio ambiente e promover um estilo de vida mais saudável e também mostrar que qualquer pessoa pode possuir sua própria horta.