O Auditório da Fundação Luís Eduardo Magalhães (Flem) recebeu, nesta quarta-feira (28), um público especial da cultura baiana. Estavam presentes compositores, cantores, músicos, artesãos, entre outros atores da cena local, que foram acompanhar o segundo workshop da Semana da Previdência Social, promovido pela Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre em parceria com o Ministério da Previdência Social (MPS).

O primeiro workshop, no dia anterior, foi dirigido especialmente aos esportistas e teve como atrações o jogador de futebol Wilson Piazza, tricampeão mundial na Copa do México em 1970, e Gilson Trindade, ídolo do basquete baiano e brasileiro, que atuou ao lado de grandes nomes como Helio Rubens e Oscar.

A caminho da Grécia, passando pela África e retornando pela Argentina, o cantor e compositor Tonho Matéria deu uma passada antes pela Semana da Previdência Social. “Vim a este encontro porque considero importante debater temas como a seguridade social para os artistas. Esperava encontrar por aqui meus outros companheiros. Eu, pessoalmente, não contribuo para o sistema. Pago, apenas um plano de saúde, mas, diariamente, estou sendo cobrado pela minha mulher para resolver esta questão. Afinal, a gente sabe o dia de hoje, mas não sabe como será amanhã”.

Mais previdente que o seu colega de profissão, o cantor Firmino de Itapuã, relatou. “Tenho 67 anos de idade e consegui me aposentar porque sei que a vida de artista é muito difícil e temos que nos proteger quando caminhamos para o ocaso das nossas carreiras. Este evento é bastante significativo e eu sinto por aqueles que aqui não vieram. Eles perderam muito. Perderam também a oportunidade de conhecer os seus direitos previdenciários e, quem sabe, contribuir neste diálogo entre governo e artistas”.

Ao seu lado, o produtor musical Diógenes Grumberg, que vai realizar, em abril próximo, O Boto, com Elza Soares, Valter Leoni e mais 80 bailarinos, disse que eventos desta natureza deveriam ser multiplicados no segmento artístico por todo Estado. “Todos precisam ser esclarecidos dos seus direitos, pois não se pode sonhar com o futuro sem pensar na seguridade social”.

Esta preocupação também foi a do chefe de gabinete da Setre, Elias Dourado, ao abrir as atividades. “Poucos conhecem o enorme potencial deste sistema que é um patrimônio do trabalhador brasileiro”.

A empresária Vera Lacerda lembrou que há dois meses atrás esteve em Brasilia para debater questões relevantes para os artistas e ficou decepcionada com a pouca presença dos interessados. “Estavam por lá apenas Sandra de Sá, Rosemeire e Frank Aguiar. O que era muito pouco em relação à importância do evento. Creio que precisa haver uma maior mobilização da classe para que conheça os seus direitos previdenciários”.

O presidente do Sindicato dos Músicos, Sidney Zapata, foi taxativo. “Espero que daqui saia proposições com ações transversais e articuladas entre secretarias e ministérios”. E foi mais adiante. “O mal que nos acomete é a informalidade do setor. Esta é a maior inimiga do trabalhador da área de cultura. Pois só quem leva vantagem com a informalidade são os contratantes dos serviços e os artistas que tem alguma estabilidade econômica”.

Zapata propõe que as empresas contratantes pelo Estado sejam exigidas em contrato a pagarem a Previdência Social dos artistas contratados. No encerramento dos dois workshops dirigidos aos atletas e aos artistas as propostas apresentadas serão encaminhadas ao Ministério da Previdência Social.

Programa

A semana da Previdência Social começou na segunda-feira (26) com o lançamento do programa Trabalho decente, trabalhador protegido, cujo foco principal é inserir os temas educação previdenciária e proteção social em todas as ações executadas pela Setre. Termina nesta quinta-feira (29) com uma palestra sobre Políticas de extensão da cobertura a trabalhadores rurais, domésticos, autônomos e microempreendedores no Brasil, a partir das 9h, no auditório da Setre, no Centro Administrativo da Bahia.