Pesquisadores e educadores indígenas da tribo Pataxó discutiram nesta segunda-feira (5) um plano de trabalho para a revitalização da língua Patxôhã, idioma falado pelos índios ancestrais desta etnia e que deixou de ser utilizado no cotidiano do povo, com o passar dos anos. O encontro ocorreu no Centro de Educação em Direitos Humanos e Assuntos Penais J.J. Calmon de Passos, da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH).

Há 12 anos, os Pataxó estão trabalhando para resgatar a língua de origem do povo, que acabou deixando de ser usada em razão da inserção da cultura dos não índios nas comunidades indígenas. O trabalho de pesquisa e coleta de palavras da língua Patxôhã resultou em uma cartilha com cerca de três mil palavras, a ser transformada em gramática para auxiliar os professores das escolas a ensinar a língua.

Segundo o educador Ajuru Pataxó, algumas escolas já dispõem desse modelo de ensino e a meta agora é acrescentar a língua, que antes era passada dos mais antigos para os mais novos, na grade curricular das escolas indígenas como disciplina obrigatória, fazendo com que os índios aprendam desde a pré-escola a língua falada pelos seus ancestrais.

Por isso, é que os pesquisadores estão realizando o levantamento das palavras da língua Patxôhã. Os professores serão capacitados e atuarão como agentes multiplicadores dessas informações para os demais educadores.

A iniciativa de resgate da língua Pataxó está servindo de exemplo para outras etnias como é o caso dos Tupinambá, Tuxá e Pataxó Hãhãhãe. Para o coordenador de Políticas para os Povos Indígenas da SJCDH, Jerry Matalawê, a língua é um dos grandes segredos de uma etnia e os índios estão buscando, cada vez mais, preservar os laços históricos dos seus antepassados, por meio da língua. “Fortalecer a língua também vai ajudar a fortalecer a história, a memória e a cultura. O grande ganho desse trabalho foi exatamente a autoestima dos índios. Eles começaram a se valorizar mais, por serem diferentes, e essa diferença não é só na linguagem, mas em outros aspectos culturais”, destacou Matalawê.