Ao chegar ao cemitério e à Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Pilar, construções iniciadas no século 18, na base da encosta de 70 metros de altura que separa a Cidade Alta e a Cidade Baixa, em Salvador, os fiéis e visitantes não conseguiam ver parte desses edifícios tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio do Brasil desde 1938.

Nos últimos 20 anos, moradores das imediações jogaram tanto lixo e descartados na parte interna do cemitério que deixaram as edificações seculares em meio a ratos, insetos e toneladas de entulho. Mas esse quadro está mudando, graças às obras de restauração que o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), autarquia da Secretaria Estadual de Cultura, empreende desde o ano passado no local, orçadas em cerca de R$ 3,5 milhões. “A quantidade de entulho foi tanta que ocasionou o desmoronamento da contenção e provocou a obstrução da área interna do cemitério e até mesmo das antigas catacumbas”, explicou o diretor-geral do Ipac, Frederico Mendonça.

Após retirar toneladas de lixo do local, o Ipac construiu uma contenção para a encosta e o muro que separa a Ladeira do Pilar das construções tombadas, de modo a evitar que joguem mais lixo nos monumentos. Para a retirada do entulho foram necessários 22 operários trabalhando por dois meses e meio. A previsão é que as obras estejam finalizadas em dezembro deste ano.

Na visita ao monumento em setembro, o governador Jaques Wagner vistoriou a área já desobstruída de dejetos, admirando o cemitério, que tem 20 colunas de sete metros de altura, cada uma, compondo o prédio monumental de 17 metros de altura construído sob a influência do estilo neoclássico. O complexo da igreja e cemitério é considerado por especialistas como edificações de notável mérito arquitetônico. “Esta é uma das raras igrejas baianas que apresentam alongamento da planta, preocupação típica de arquitetos mineiros, possivelmente inspirados na Igreja de São Paulo de Braga, em Portugal, do final do século 17”, disse Mendonça. Segundo ele, esta é a obra de recuperação mais importante já realizada na igreja e cemitério desde a década de 60.

Outros serviços

“A obra do Pilar integra o Prodetur 2, com investimento aproximado de R$ 16 milhões, via Secretaria Estadual de Turismo, recuperando ainda as igrejas do Boqueirão e do Rosário dos Pretos, Casa das Sete Mortes, Palácio Rio Branco e Oratório Cruz do Pascoal”, explicou Mendonça.

Os serviços do Ipac incluem também a alteração no sistema de cobertura da nave, com nova estrutura metálica, substituição de 17 grandes peças de madeira (12 metros de extensão) que estavam deterioradas por cupins, pintura, recapagem, restauração artística e recuperação do forro da nave, dos elementos decorativos e dos bens móveis.