O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta sexta-feira (23), em Salvador, o resultado do Sensor Econômico – indicativo do grau de confiança e expectativas elaborado pelo órgão – relativo a setembro, que indica que a confiança do setor produtivo aumentou.

Em setembro, o indicador atingiu 26 pontos, contra 23,2 pontos de agosto. Esta foi a sétima alta seguida do Sensor Econômico. A informação foi divulgada pelo diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisas Aplicadas, João Sicsú, ao encerrar o curso de Macroeconomia e Desenvolvimento Econômico, no auditório da Desenbahia, realizado em parceria com a Casa Civil do Governo do Estado e o Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento.

O Sensor Econômico é uma pesquisa mensal realizada pelo Ipea em todo o território nacional, com o objetivo de captar as expectativas econômicas e sociais do setor produtivo brasileiro, envolvendo 24 questões objetivas enviadas a 115 entidades representativas da economia. O Sensor Econômico trabalha com cinco cenários: otimista (entre 60 e 100 pontos), confiante (entre 20 e 59 pontos), apreensiva (entre menos 20 e 20 pontos), adversa (entre menos 60 e menos 20 pontos) e pessimista (entre menos 100 e menos 60 pontos).

A média das pontuações indica a expectativa do setor produtivo em relação à economia. Em setembro, melhoraram as expectativas relativas às contas nacionais e desempenho das empresas, o que expressa confiança.

Estudo econômico demonstra boas perspectivas para 2010

Segundo Sicsú, o resultado do Sensor Econômico de janeiro a julho de 2009 foi sempre de apreensão. Em agosto passou ao grau de confiança. Agora em setembro, o indicativo revelou ainda maior confiança do setor produtivo. “O fato prova que a economia está se recuperando com velocidade, com boas perspectivas para o próximo ano e desmente previsões pessimistas de instituições como Credit Suisse, Bradesco e FMI”.

Sicsú festejou a parceria entre Ipea e governo da Bahia, por meio da Casa Civil, Desenbahia e Centro Internacional Celso Furtado, visando a realização de cursos que resgatem os conceitos de desenvolvimento e planejamento, abandonados durante os anos de hegemonia do neoliberalismo.   “Os jornais só falam em câmbio e corte de gastos. Corte de gastos então serve para tudo” criticou o diretor do Ipea. “Nossa mídia ainda tem vergonha da palavra desenvolvimento, que se caracteriza pela articulação do tripé Estado, sociedade e iniciativa privada, não como um simples plano, mas como uma mobilização nacional, muito temida pelos liberais, daí a sistemática ofensiva contra o PAC”.

Mudança de rumo

Segundo Sicsú, o PAC assusta os neoliberais por causa da recuperação e fortalecimento do Estado no planejamento e na execução de obras. Ele citou a manchete TCU paralisa obras do PAC, divulgada com tom de celebração. “Ora, o TCU paralisou 13 obras que representam menos de 0,5% do trabalho, e 99,5% delas continuaram em execução”. Para ele, a questão é que o PAC aponta para a mudança de concepção, a retomada de ideias abandonadas há três décadas.

Sicsú aproveitou para anunciar que o Ipea e a Associação Brasileira das Instituições Financeiras de Desenvolvimento (ABDE), à qual pertence a Desenbahia, estão prestes a lançar o livro Planejamento e Desenvolvimento, um conjunto de entrevistas com gestores da área econômica que tiveram experiência de planejamento em governos passados.

“São subsídios que resgatam a importância do planejamento na busca do desenvolvimento que inclui geração de empregos com carteira assinada, sustentabilidade ambiental, educação, saúde, Previdência Social, seguro desemprego, sistema de seguridade social, conhecimento tecnológico, enfim, um conjunto de segmentos”.