Com o trabalho Tratamento homeopático da Linfadenite caseosa em caprinos, doença que acomete caprinos e ovinos, três veterinários da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (Ebda), da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), conquistaram o primeiro lugar na categoria Excelência Científica, durante o 4º Congresso Brasileiro de Homeopatia Veterinária e o 1º Congresso Brasileiro de Agro-homeopatia, realizados simultaneamente em Campo Grande/Mato Grosso do Sul, este mês.

O trabalho apresentado pelos baianos, mostrando resultados de ensaios de pesquisa com o uso da homeopatia em caprinos, foi premiado por ter identificado o produto homeopático Hepar Sulphur, dentre os avaliados, como o que apresentou a maior eficácia no controle das enfermidades em animais já acometidos com a doença. A Ebda concorreu com 27 trabalhos inscritos pelas diversas instituições de pesquisa agropecuária de todo o país.

O autor principal do trabalho é o médico veterinário Gustavo dos Reis Oliveira, bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no projeto Desenvolvimento e validação de um modelo de produção orgânica de leite, para a agricultura familiar, em bases agroecológicas resguardando a biodiversidade local, coordenado pela Ebda. Os médicos veterinários da empresa e especialistas em homeopatia, Farouk Zacharias e Antônio Vicente da Silva Dias, são co-autores do trabalho.

De acordo com Farouk, a linfadenite caseosa ainda não tem controle seguro e as vacinas disponíveis mostram-se pouco eficazes no controle da enfermidade. Quanto ao tratamento com o uso de antibióticos, o pesquisador afirmou que é antieconômico e difícil de ser utilizado devido às características da doença e a dificuldade da medicação penetrar nos caroços infectados.

Com relação ao trabalho apresentado, ele disse que a medicação homeopática foi capaz de reduzir os abscessos produzidos pela doença em relação aos grupos de controle de animais não-medicados e os outros grupos de testes. “Esses resultados promissores são preliminares e precisam ser confirmados em novos trabalhos de pesquisa”, afirmou.

A doença 

A Linfadenite caseosa é uma doença infectocontagiosa, crônica, também conhecida como mal do caroço ou falsa tuberculose, que acomete caprinos e ovinos e se caracteriza pela hipertrofia dos gânglios linfáticos, localizados nas diversas regiões do corpo do animal.

Os abscessos, contendo os microrganismos de Corynebacterium pseudotuberculosis, podem infectar diretamente outros animais e o solo, contribuindo para a expansão da doença, além de ser uma doença que é transmitida ao homem – zoonose.

Apesar de ser uma doença cosmopolita, a Linfadenite caseosa está disseminada no nordeste do Brasil, principalmente no semiárido, onde se concentra grande número de pequenos ruminantes. O manejo sanitário e alimentar inadequado, associado à vegetação típica da caatinga – vegetação espinhosa, e principal dieta desses animais, que pode causar ferimentos que se constituem porta de entrada para a bactéria -, são os principais fatores para o desenvolvimento da enfermidade.

“A continuidade desse trabalho de pesquisa se juntará aos esforços da comunidade científica visando contribuir para o efetivo controle dessa enfermidade”, enfatizou Farouk. Ele disse ainda que os maiores beneficiados com a pesquisa são os pequenos criadores familiares, detentores de mais de 90% do plantel de caprinos e ovinos do estado, para os quais essa atividade tem forte importância econômica e social.