Inaugurada há quase um mês, a exposição Auguste Rodin, homem e gênio já atraiu mais de 14 mil visitantes ao Palacete das Artes, em Salvador. Desde o dia 26 de outubro, quem for ao museu pode apreciar as 62 obras originais do artista que é considerado o pai da escultura moderna. Esta é a primeira vez que o Museu Rodin Paris concorda em ceder por tanto tempo as peças para uma exposição, que vai durar três anos, acatando a iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura.

Quem recebe os visitantes na entrada do Palacete é uma das obras mais famosas de Rodin, O Beijo. Partindo do casal enamorado, é possível conhecer partes importantes do estudo da Porta do Inferno, peça que o escultor deixou inacabada, mas que gerou inúmeras derivações, como O Pensador e A Meditação, que também estão expostas em Salvador.

Com um intenso número de agendamento de grupos por dia, a exposição conta com sete monitores, que se revezam de terça a domingo em visitas guiadas. Para a jornalista baiana Jamile Campos, o que mais interessou foi a forma como está construído o projeto Auguste Rodin, homem e gênio. “Ver o casamento perfeito que ficou entre as peças em gesso e esse casarão centenário foi o que mais me fascinou. As obras são lindas, está tudo muito bem organizado, mas aqui dentro parece que elas flutuam”.

Do lado de fora do casarão, o público pode ver as quatro réplicas em bronze de Rodin, adquiridas pelo Governo do Estado e cedidas ao Palacete, que ficam expostas no jardim. A Mártir – de 1855 -, Homem Que Anda Sobre Coluna – 1877-, Jean de Fiennes Nu – 1886- e O Torso da Sombra – de 1901- fazem companhia a um projeto paisagístico que encanta os visitantes do local, principalmente as crianças.

Cuidados especiais – Para receber a exposição o Palacete das Artes foi totalmente restaurado. O piso de madeira, formado por pastilha e marchetaria, foram conservados e reparados. Para manter o assoalho original, e ainda assim possibilitar a visitação, a administração do museu solicita aos visitantes que evitem o uso de salto.

“Todas as pequenas peças de madeira foram retiradas e restauradas individualmente, para depois ser recolocadas no lugar original exato, num trabalho de paciência monástica”, explica a museóloga responsável pelo Rodin Bahia, Heloísa Costa. Segundo ela, com a previsão de um milhão de visitas nestes três anos, a possibilidade de deteriorização é grande. “Para evitar que isso aconteça, fornecemos sapatilhas pro pré para as pessoas que vem de salto”.

Formação de público

Para o ministro da Cultura, Juca Ferreira, a vinda das obras originais fomenta a criação de um público frequentador de museus. “Apenas 7% da população visita os espaços. Queremos aproveitar esta iniciativa para desenvolver, no brasileiro, a cultura de ir aos museus, visitar obras de artistas importantes e ampliar seus conhecimentos”. Dentre as atividades educativas previstas para o espaço, estão programas de visitação e formação de público.

“Permeando todas as atividades, estão debates e seminários sobre a união de ciência e arte. A interação entre artistas e cientistas é, cada vez mais, uma tendência mundial, desde que se percebeu o potencial da arte de contribuir para o pleno desenvolvimento do ser humano, formando competências e habilidades específicas”, conclui Heloísa Costa.