No mês da Consciência Negra, o polo da Liberdade, bairro mais populoso de Salvador e que constitui-se de 27 escolas, reuniu-se na 2ª Mostra de experiências bem sucedidas do núcleo de dirigentes. Sediada na Escola Parque, a mostra, que termina nesta quinta-feira (12) e durou dois dias, apresentou alguns dos trabalhos desenvolvidos por professores, muitos deles, abordando a temática afrobrasileira.

Organizada em dois ambientes, a exposição emocionou os educadores, que viram, no palco do teatro e no foyer da Escola Parque, apresentações de dança, teatro, literatura e exposição de artes plásticas. Os estudantes justificaram o valor do esforço empenhado para reduzir, sobretudo, a violência, a indisciplina e o desinteresse na escola.

Uma dessas experiências é a 1ª Mostra de Cultura Afrodescendente da Escola Estadual Celina Pinho, localizada no Curuzu. Com o tema Agora a História é outra, o trabalho ratifica a luta contra o racismo, a discriminação social, a xenofobia e outras formas de intolerância. De acordo com a professora de artes da escola, Josenita Trindade, o grande objetivo da experiência é desmistificar as ideias que os alunos, em geral, têm sobre a África.

“Nós queremos mostrar que a África é desenvolvida, porque a imagem que eles têm é que se trata de um continente onde as pessoas não têm conhecimento, não têm nenhum tipo de cultura, não sabem se relacionar. Queremos desconstruir o preconceito em relação à África”, explica Josenita, que enfatiza a força do bairro do Curuzu, sede da Fundação Ilê Ayê, no movimento negro.

Outras experiências

A Escola Estadual Suzana Imbassahy também participou da mostra com uma experiência que aborda a temática afro. Intitulada Comunidades Quilombolas, a experiência representa, com maquetes, a vida das pessoas nos quilombos. “Queríamos desmistificar a ideia de que os escravos eram pessoas violentas, mostrar que as comunidades quilombolas eram organizadas em sociedade”, diz a diretora Eliene dos Santos, ressaltando, ainda, o entusiasmo dos alunos ao conhecerem a verdadeira história do povo negro.

Segundo Eliene, a dificuldade para escolher os projetos foi grande. “Muitos trabalhos nós tínhamos a apresentar, porque nossos alunos são muito criativos”. A professora cita a Oficina de Cordel, outro projeto da escola que integra a mostra, como uma prova dessa criatividade. “O cordelista JC fez um trabalho com nossos alunos e mostrou para eles o que era um cordel, qual o seu objetivo, como é elaborado e nós mostramos o resultado”.

Eloá Lauriente, 14 anos, participa do Projeto Tempos de Artes Literárias, da Secretaria da Educação (SEC). Eloá é a vencedora do concurso de cordel organizado pela oficina e apresentou a sua composição no palco. Recitando um texto divertido sobre o São João, a menina e um grupo de amigos que encenaram a história do cordel foram aplaudidos pela plateia. “O projeto foi bom para a divulgação do colégio e para os alunos, é claro”, avalia Eloá.

Também a estudante Maria Hortência Cruz, de 12 anos, aluna da 6ª série do Centro Educacional Carneiro Ribeiro – Classe 1, fez cair lágrimas de quem assistia a sua apresentação com o grupo de Hip Hop. Hortência protagonizou um desempenho brilhante ao fazer, com movimentos, uma alusão a Michael Jackson. “Hip Hop tem quatro elementos, dança, grafite, Dj e Mc”, explica a estudante.