O Projeto Mulheres da Paz, na Bahia, ganhou visibilidade nacional durante a 5ª Reunião Nacional dos gestores do projeto, realizada, esta semana, no Centro de Convenções do Hotel Fiesta, em Salvador. O evento, que acontece a cada quatro meses, em diferentes cidades do Brasil, é destinado a gestoras e gestores de secretarias que possuem convênios com o Ministério da Justiça (MJ) voltados para a implementação da iniciativa e tem como objetivo, a troca de experiências sobre a execução do projeto nos estados e municípios.

Dessa vez, o encontro contou a presença de consultores da Unesco, que lançaram as bases para a sistematização dos resultados obtidos nacionalmente, por meio de publicações, cartilhas, livros, das diversas fases implementação. Houve ainda a aprovação da proposta de lançamento do prêmio de Monografias Vera Lúcia Flores e Euristéia Azevedo, destinado às produções acadêmicas na área mulher e segurança pública.

No encerramento do encontro, as mulheres da paz do território de Tancredo Neves fizeram leitura dramática da peça “Leite Vermelho”, escrita pela coordenadora nacional do projeto, Lélia Almeida, e emocionaram os presentes. “Fico sem palavras para expressar ao ver essas mulheres narrando parte da história desse projeto. Fui eu que escrevi, mas, sem dúvida, esse trabalho é parte delas, da vida delas”.

“Dramatizar uma história que faz parte do nosso cotidiano é incrível e emocionante. Essas mulheres correram atrás dos seus direitos e não deixaram a história de seus filhos serem esquecidas. Eu faria a mesma coisa pelos meus”, afirmou a mulher da paz, Carmelita Paixão.

Mediadoras sociais

O Projeto Mulheres da Paz faz parte das ações do Pronasci, um programa do governo federal de prevenção e enfrentamento à violência. A estratégia é apostar no papel de liderança exercido pelas mulheres em comunidades carentes, capacitando-as para atuar como mediadoras sociais na defesa dos direitos humanos e na construção de uma cultura de paz.

Na Bahia, o projeto é executado pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes) e desenvolve ações voltadas a atender a 700 mulheres, distribuídas em quatro municípios da Região Metropolitana de Salvador. Já são quase 600 mulheres em fase de capacitação na área de direitos humanos, acesso à justiça, relações de gênero, violência contra mulher, ações do Pronasci, entre outros temas.

O programa prevê o pagamento de uma bolsa-auxílio no valor de R$ 190 para cada “mulher da paz”, durante um ano, mediante a participação nas atividades. No mês de novembro, quase 300 delas já receberam a primeira parcela do benefício.

Atualmente, as mulheres estão iniciando as atividades na comunidade, por meio da realização de reuniões para divulgação do projeto nas escolas, junto às lideranças comunitárias e no território em geral.

A estratégia é uma forma de dar conhecimento do projeto à comunidade e do papel que elas desempenharão. As turmas que já iniciaram o módulo de mediação de conflitos estão sendo preparadas para atuar também nesse sentido. Elas estarão aptas a trabalhar na descriminalização de pequenos impasses que surgem na vizinhança e que podem ser resolvidos com a intermediação delas.

Segundo a coordenadora estadual do projeto, Heloíza Egas, “o Mulheres da Paz se afirma como uma ação inovadora, que aposta na proximidade entre a segurança pública e a cidadania.”