Para discutir e propor medidas que possibilitem prevenir e diagnosticar precocemente a doença renal crônica na atenção básica do município de Salvador, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), por meio da Câmara Técnica Estadual de Nefrologia, realizou, nesta quinta-feira (26), no Hotel Sol Barra, o II Simpósio Estadual de Prevenção da Doença Renal Crônica.

Durante a abertura do encontro, que reuniu profissionais de saúde da atenção básica, técnicos da Sesab, entre outros, o superintendente de Atenção Integral à Saúde da Sesab, Alfredo Boa Sorte, disse que nenhum profissional de saúde pode trabalhar só na prevenção ou só na assistência curativa, daí a importância de serem construídas redes, a exemplo da Rede Estadual de Assistência em Nefrologia.

A coordenadora da Câmara Técnica Estadual de Nefrologia, Maria Teresa Martins, defendeu que cabe à atenção básica identificar as pessoas com risco para desenvolver a doença renal crônica, bem como o diagnóstico precoce e o acompanhamento dos pacientes.

Estatísticas

O número de pacientes com doença renal crônica está aumentando em todo o mundo, o que se reflete no crescimento de pacientes em terapia renal substitutiva. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), em 1994, em torno de 24 mil pacientes estavam em programa de diálise. Em 2009, são cerca de 90 mil.

O impacto da doença renal, que não ocorre apenas no caso dos pacientes que precisam de diálise ou transplante, foi lembrado pelo presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN)/Regional Bahia, Marco Antônio Silveira. Segundo o especialista, a taxa de morbimortalidade por doenças cardiovasculares é grande, e muitos pacientes morrem antes de chegar à diálise. Para a consultora da SBN para o Ministério da Saúde, Patrícia Abreu, a inserção da doença renal na atenção básica é uma necessidade. “A doença renal tem grande impacto na saúde pública e vem aumentando nos últimos anos”, afirmou a nefrologista, acrescentando que a hipertensão arterial e a diabetes são responsáveis por 50% dos casos de doença renal.

Durante o simpósio, foi apresentada a Rede Estadual de Nefrologia, que atualmente conta com 28 serviços de nefrologia, distribuídos nas nove macrorregiões de saúde do estado. De acordo Maria Tereza, a Sesab adota a política de descentralização dos serviços, priorizando o interior do estado. Dentro da proposta da reorganização da Rede, meta prevista para o período 2009/2011, está a implantação de um Centro de Referência em Nefrologia, em Salvador, a implantação de mais cinco serviços de nefrologia e a implementação da prevenção da doença renal crônica, de forma articulada com a atenção básica, com ênfase no controle da hipertensão arterial e diabetes.

Doença renal

Conforme dados da Sociedade SBN, a hipertensão arterial e a diabetes estão entre as principais causas de insuficiência renal crônica em todo o mundo. Entre os principais sintomas da doença estão a pressão alta, inchaço nas pernas e na face, palidez anormal, fraqueza e desânimo constantes, náuseas e vômitos freqüentes pela manhã, sangue na urina, dor/ardor ou dificuldade para urinar. No Brasil, cerca de 60 mil pacientes fazem algum tipo de diálise e 25 mil foram submetidos a transplante renal. Na Bahia, são aproximadamente 5 mil pacientes em diálise.

Para a nefrologista Patrícia Abreu, um aspecto preocupante é que um indivíduo pode ter a doença renal e não apresentar sinais ou sintomas que alertem para o problema, detectando a doença numa fase muito avançada, em que as alterações são irreversíveis, daí a importância da prevenção, rastreamento de pacientes de risco e diagnóstico precoce de alterações renais, já que nos estágios iniciais da doença é possível manter estável a função renal e evitar maiores complicações.