Uma exposição com fotografias, cartas, textos e livros que contam a história de um dos maiores revolucionários comunistas do Brasil, o baiano Carlos Marighella, foi aberta nesta quinta-feira (10) no foyeur do Teatro Castro Alves, em Salvador. A iniciativa, que tem apoio da Secretaria Estadual de Cultura (Secult) e do Ministério da Cultura, marca os 40 anos da morte de Marighella e fica aberta ao público até o dia 24 de janeiro.

Nascido em Salvador, no dia 5 de dezembro de 1911, Carlos Marighella deixou a Bahia em 1932 para entrar na luta política pela liberdade e democracia. Filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), teve destacado papel na resistência à repressão imposta pela ditadura de Getúlio Vargas, quando foi preso e torturado duas vezes, passando mais de sete anos na cadeia.

Durante a abertura da exposição, a viúva de Marighella, Clara Charf, emocionou-se ao lembrar dos momentos difíceis e falar do marido com quem viveu 21 anos. “Ele nunca aceitou a exploração, a dominação e a falta de liberdade, e por isso lutou até a morte”, disse. A primeira-dama do Estado, Fátima Mendonça, que também prestigiou a cerimônia, lembrou que a luta de Marighella é um exemplo, uma mostra de coragem que deve ser lembrada sempre.

Anistiado em abril de 1945, Marighella participou do processo de redemocratização do país e da reorganização do Partido Comunista, que voltava à legalidade. Foi eleito deputado constituinte pela Bahia, mas três anos depois o mandato de deputado foi cassado pelo governo Dutra e Marighella passou a viver na clandestinidade.

Inimigo número um

Com o golpe de 64, Marighella decide sair do PCB e fundar a Ação Libertadora nacional (ALN), dando início à luta armada contra os militares. Depois de diversas ações de sucesso, quando conseguiu inclusive libertar presos políticos, Marighella é assassinado pelos militares numa emboscada armada em São Paulo, no dia 4 de dezembro de 1969.

Pelo destacado papel na luta contra os dois regimes autoritários que dominaram o Brasil durante o século 20, Marighella era apontado como o inimigo número um dos militares, e um herói para os que lutaram pela liberdade e a democracia. “O Brasil e a Bahia deviam o reconhecimento oficial a esse baiano que tanto nos orgulha, pelo amor que tinha por nossa terra e pelo povo brasileiro”, destacou o secretário estadual de Cultura, Márcio Meirelles.

Para o filho Carlos Augusto Marighella, uma exposição como essa, oficial e num local público, é um oportuno reconhecimento e uma chance para desmentir todas as inverdades construídas e propaladas sobre seu pai. “Aqui se apresenta meu pai como ele era, um homem digno, que amou seu país”, completou.