A qualidade de vida, a produção agrícola e a renda familiar de cerca de 1,5 mil famílias do semiárido baiano serão melhoradas com a implantação de tecnologias de armazenamento e captação de água e técnicas de irrigação sustentáveis. Com investimento de R$ 8,2 milhões, o Governo do Estado, por meio do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), assinou convênio com nove organizações da sociedade civil vinculadas à Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) para desenvolverem as ações do Projeto Aguadas.

Até novembro de 2010, serão implantados, em 70 municípios de 16 territórios de identidade, 620 barreiros trincheiras, 322 limpezas de aguadas, 130 cisternas de enxurradas e 33 bombas d’água populares para dessedentação de animais. Entre outros benefícios, esses mecanismos vão garantir o aproveitamento máximo das águas de chuva que caem no semiárido durante o ano.

Com verba do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Funcep), o Projeto Aguadas é executado pelo Ingá e tem apoio técnico da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), por meio da Superintendência de Apoio à Agricultura Familiar (Suaf). As nove organizações que foram selecionadas em chamada pública possuem experiências de pelo menos dez anos com tecnologias de convivência com o semiárido brasileiro.

O projeto terá caráter participativo e todos os segmentos envolvidos nas ações terão voz ativa na implantação dos projetos. Além do Governo do Estado e das famílias, participam das tomadas de decisão do Projeto Aguadas as comissões municipais, formadas por organizações das prefeituras locais, e as comissões comunitárias.

Benefícios

“As obras do Projeto Aguadas são de baixo custo, de tecnologia simples, fácil de serem aproveitadas pelos beneficiários e não apresentam impactos ambientais”, explicou o coordenador de Enlaces da Unidade de Gerenciamento de Projetos (UGP) do Ingá, Roque Aparecido. Segundo ele, a metodologia utilizada assegura a participação ativa das famílias em todo o processo, o que possibilitará que elas conheçam melhor as características e potencialidades da região onde vivem e comecem a enxergá-la com outros olhos.

O semiárido baiano apresenta uma média pluviométrica anual de 750 milímetros e em determinadas regiões a média é inferior a 400 milímetros. Segundo estudos hidrológicos, essas chuvas são suficientes para suprir as demandas hídricas das populações, porém, a falta de aproveitamento desta água é causadora da escassez hídrica na região.

“Mais do que combater a seca, deve-se conviver com o clima, aproveitando a época das chuvas para armazenar água e poder aproveitar com tranquilidade o período de estiagem”, explica o diretor-geral do Ingá, Julio Rocha. Para ele, também é fundamental capacitar a população local para uma relação de convivência harmoniosa e sustentável com o clima da região.

De acordo com Roque Aparecido, o projeto tem uma proposta que vai muito além dos aspectos técnicos e é bastante democrático e coletivo, pois as famílias beneficiadas serão escolhidas pelas próprias comunidades. “Elas participarão de uma série de cursos sobre meio ambiente e gestão de recursos hídricos familiares, para que possam administrar os mecanismos oferecidos pelo Governo do Estado de forma eficiente e garantam que os benefícios sejam perenes”.