Os avanços, as conquistas e as dificuldades enfrentadas no primeiro ano de funcionamento de um programa pioneiro na rede pública de saúde da Bahia foram apresentados no Seminário de Avaliação do Internação Domiciliar (ID), realizado nesta quinta-feira (3) no Fiesta Bahia Hotel, numa iniciativa da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), por meio da Superintendência de Atenção Integral à Saúde (SAIS).

Na abertura do evento, representando o secretário estadual da Saúde, Jorge Solla, o superintendente da SAIS, Alfredo Boa Sorte, falou sobre a importância do ID e a necessidade de se potencializar todos os benefícios do programa, sobretudo no que se refere à desocupação de leitos nos hospitais para atender pacientes que necessitam de internação.

“Os hospitais da rede estadual, em geral, registram taxa de ocupação superior a 100%. Com a internação domiciliar, torna-se possível a desospitalização precoce de pacientes, com a consequente desocupação de leitos hospitalares para atender pacientes mais graves”, disse Boa Sorte.

A diretora de Atenção Especializada da Sesab, Ledívia Espinheira, lembrou que a implantação do ID na Bahia foi e continua sendo um “grande desafio, por se tratar de uma experiência nova no serviço público”.

Pioneiro na Bahia e único no país com gestão estadual, o Internação Domiciliar presta assistência a pacientes que precisam de cuidados especializados que podem ser realizados em casa por equipe de saúde destinada e treinada para isso, cuidados por familiares orientados e monitorados pelos profissionais da equipe.

Atualmente o programa tem 24 equipes em atividade, distribuídas em 11 hospitais nos municípios de Salvador, Lauro de Freitas, Barreiras, Jequié, Vitória da Conquista e Ilhéus. Ainda este ano, Juazeiro e Alagoinhas devem ser contemplados com o ID.

Números e conquistas

Internação Domiciliar – Um Ano de História foi o tema apresentado nesta quinta, durante o seminário, pela coordenadora de Atenção Hospitalar da Sesab, Dulce Mary Lima. Segundo ela, apesar das dificuldades enfrentadas, “devemos celebrar os resultados positivos que conseguimos conquistar até agora”.

Dulce Mary contou que no primeiro ano de funcionamento – entre outubro de 2008 e outubro deste ano – foram 891 pacientes atendidos pelo programa, e no mesmo período os profissionais do ID avaliaram mais de dois mil pacientes, que foram internados em hospitais a fim de verificar se o perfil se adequava para acompanhamento em domicílio, sem descontinuidade da assistência necessária.

A coordenadora revelou que até a última quarta-feira (2) 178 pacientes estavam em internação domiciliar, “o que corresponde ao número de leitos de um hospital de grande porte”, e ressaltou que até agora não houve registro de infecção hospitalar em pacientes, enquanto acompanhados pelo ID.

Pacientes com feridas decorrentes principalmente de queimaduras, úlcera de pressão e pós-operatória e com sequelas neurológicas respondem pelo maior número de atendimentos no ID, que atualmente conta com 170 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas e pessoal de apoio.

Fortalecimento do programa

Fortalecer o programa, com a finalidade de ampliar o acesso a um número maior de pacientes, possibilitando uma maior rotatividade dos leitos hospitalares da rede estadual. Esta foi uma das metas apontadas por Dulce Mary, que também anunciou para breve a implantação do programa no município de Guanambi e para o final de 2010 a implantação de pelo menos um ID em cada macrorregião.

A aquisição de ambulância exclusiva para o programa em Salvador e região metropolitana, a implantação da assistência programada nos finais de semana e a capacitação para os profissionais do ID, inclusive em tratamento de feridas, dengue e urgências, foram alguns avanços citados por Dulce Mary, que destacou a garantia do acesso de pacientes internados em ID nos hospitais de referência, quando necessário, como um dos desafios do programa.