A intensidade da prática cotidiana nas enfermarias e na Emergência sempre lotada de pacientes não representa obstáculo para uma outra prática por parte do corpo de enfermagem do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), a da reflexão acadêmica e consequente produção científica. A efervescência dessa produção e, principalmente, a qualidade dos trabalhos desenvolvidos, ficaram evidentes nesta quarta-feira (2), na 1ª Mostra Científica de Enfermagem realizada, durante todo o dia, no Auditório principal do HGRS.

A própria vivência no hospital público de maior porte das regiões Norte e Nordeste do país inspirou a maioria dos trabalhos apresentados por integrantes do corpo de enfermagem do Roberto Santos. Uma atividade que não era devidamente compartilhada entre os profissionais, como deixou claro a diretora de Enfermagem, Ana Lílian Pires. “Temos uma produção científica efervescente, feita aqui, mas que aqui mesmo fica. Por isso, estamos mostrando o quanto podemos produzir e mostrando também que a produção científica leva a enfermagem para um patamar de excelência”, observou.

Na análise de Ana Lílian, o HGRS atravessa um momento em que a enfermagem aprofunda suas práticas com algumas dificuldades, mas com muita coragem, e esse é o caminho certo. Com ela concorda o diretor Geral, Paulo Barbosa. “Este evento trata de uma questão extremamente importante para o País, e a saúde em particular, que é a produção científica”. Para ele, o Brasil perdeu muito em relação à produção de ciência, porque não se produz sem liberdade de pensar. “Pagamos um preço caro pelos anos de autoritarismo que enfrentamos”.

Unindo saber e prática – Para Barbosa, pensamento e prática não se excluem no Hospital Roberto Santos. “Por mais que se lide com os problemas do dia-a-dia, é necessário manter a capacidade reflexiva. Temos que ver os problemas e imaginar soluções, para avançarmos em sociedade. O País precisa de saber”, ratificou.

“Além de prestar assistência, precisamos buscar uma abordagem sistêmica do que compete a uma unidade de saúde, agregar conhecimentos científicos para fazer um hospital cada vez melhor, mais voltado para a sua missão”, complementou o diretor Administrativo, Lerley Clemant Ladeia, que compôs a mesa de abertura do evento ao lado de Paulo Barbosa, Ana Lílian e a diretora de Ensino, Pesquisa e Extensão, Aldacy Gonçalves Ribeiro.

Na opinião de Aldacy, dar visibilidade à enfermagem na produção científica não é tarefa das mais fáceis. “Temos que nos deparar, o tempo inteiro, com uma Emergência lotada, e acabamos não sistematizando o nosso fazer”, disse. Ainda assim, foram inscritos 50 trabalhos, 30 dos quais foram selecionados para apresentação em mesas redondas durante a 1ª Mostra Científica de Enfermagem. “Todos os trabalhos inscritos são de muita qualidade. Isso mostra que a gente vem pesquisando, produzindo, e quer crescer ainda mais”.

Durante o evento, realizado com apoio da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), foi feita uma homenagem à atual diretoria do Hospital Geral Roberto Santos, que completa hoje um ano de gestão, na pessoa do diretor-geral, Paulo José Bastos Barbosa. “É uma data importante para todos nós, porque essa é uma tarefa coletiva. Sabemos dos problemas a enfrentar, mas temos um compromisso com a vontade de acertar”. Ele destacou a importância do setor de Enfermagem, um dos mais penalizados, principalmente pelo déficit de enfermeiros. “Mas, estão sendo adotadas medidas para suprir as áreas mais críticas”.