A microempresa baiana Ferrarini Informática Ltda. foi a única ibero-americana, entre três mil concorrentes do mundo inteiro, a vencer a primeira edição do concurso Top 20 da Google. O objetivo do prêmio foi estimular a pesquisa e o desenvolvimento de aplicativos para a plataforma Android, criada pela Google, que permite processamento de dados por meio de notebooks, celulares, palmtops e outros aparelhos móveis adaptados à tecnologia que vem sendo difundida pelos profissionais de informática como “nas nuvens”, numa referência à facilidade de comunicação.

Esta e outras 23 microempresas baianas assinaram, nesta segunda-feira (14), contratos com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), vinculada à Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti),por intermédio dos programas Pappe Subvenção Econômica e Pesquisador na Empresa-RHAE, no valor total de R$ 8 milhões. Pelos próximos 18 meses, esses empreendedores pesquisarão inovações visando aperfeiçoar e criar produtos e serviços que melhorem a qualidade de vida da população. Foram contemplados com recursos não-reembolsáveis, projetos nas áreas de tecnologia da informação e comunicação (TIC), ciência da computação, química, odontologia, piscicultura, agronegócios e engenharias (elétrica, mecânica, de alimentos e de materiais). “O desafio é grande de materializar essas pesquisas científicas em benefícios para a população. Espero que seus projetos contribuam para reduzir a dívida social que temos em nosso estado”, salientou o diretor geral da Fapesb, Roberto Paulo Lopes.

O diretor de inovação, Elias de Souza, destacou a importância de dinamizar empresas de base tecnologia. “Das pesquisas selecionadas, 14 são de empresas que estão incubadas em universidades e instituições científicas”. Além dos pesquisadores, participaram do evento o chefe de gabinete da Secti, Mário Augusto Cunha, e os representantes Luís Campos (Universidade Federal da Bahia) e Armando Neto (Federação das Indústrias do Estado da Bahia).

Núcleo de tecnologia em consolidação

“Estamos prospectando profissionais locais, em universidades principalmente. Nossa intenção é capacitar mão de obra e contribuir para a consolidação de um núcleo de tecnologia no estado”, disse Augusto Ferrarini. Sua empresa captou R$ 430 mil para desenvolver softwares de acesso remoto que fazem armazenamento e troca de dados com segurança, mediante criptografia.

Hoje, além da Android da Google, este mercado é disputado pelos sistemas Microsoft Mobile, Blackberry, Apple IFone e Nokia Symbian. “Mais de 100 mil aplicativos já foram criados somente para a Android, em apenas dois anos de existência desta plataforma. O desafio no mundo é conciliar velocidade de processamento e economia de energia”, informa Ferrarini.

“A Fapesb é um ponto de apoio fundamental para as empresas de base tecnológica que emergiram no mercado, as chamadas start-ups. Quanto menor for o tempo entre a apresentação do projeto e o desembolso do recurso, melhor será a condição de as empresas locais competirem”, observou Rafael Araújo, da Implementar Engenharia, que captou R$ 410 mil para desenvolver tecnologia “streaming”, de transmissão de vídeo via celular.

A microempresa obteve complemento de R$ 120 mil com o Ministério de Ciência e Tecnologia e busca engenheiros e profissionais de TIC para suas pesquisas que prevêem resultados daqui a seis meses. “O mercado mundial de TI deverá movimentar 150 bilhões de dólares até 2015”, diz Araújo.

Outros projetos

Reduzir o custo da purificação da glicerina, derivada do biodiesel, para a fabricação do biopolímero ou plástico biodegradável, que se decompõe em menos de dois anos na natureza. Esta é a inovação que está sendo pesquisada pela Glykem Plástico Ambiental.  “O bioplástico precisa aumentar sua participação no mercado, hoje de apenas 0,5%. Ele é melhor para o meio ambiente e seu valor agregado é quatro vezes maior. O método tradicional de destilação a elevadas temperaturas é muito custoso. Estamos estudando um método mais barato para colocar copos descartáveis e sacos de supermercado mais ecológicos”, explica o pesquisador Raigenis Fiúza, sem revelar detalhes da inovação.

Com base no biodiesel extraído da soja e de OGR (óleos e gorduras animais e vegetais residuais), a glicerina pode ser negociada com as indústrias de plástico de primeira geração, enquanto que o bioplástico com as de segunda e terceira gerações.

Os jovens engenheiros da NN Solutions, Gabriel Fernandes e Acbal Achy, conseguiram R$ 483 mil para desenvolver um invento que pode facilitar a vida dos deficientes visuais. Trata-se de um software adaptado para celular que funciona como um scanner leitor de textos. “O aparelho fará leitura de documentos, cédulas de dinheiro, livros, e a tradução para voz. Isso tornará o deficiente mais autônomo, sem que ele precise pagar uma pessoa para ler ou pesquisar livros”, explica Gabriel. A empresa já fechou parceria com o Instituto de Cegos da Bahia para fazer os testes durante a pesquisa.