O número de mulheres que recorrem ao microcrédito produtivo e orientado, na Bahia, é o dobro do de homens. Das 12.123 operações realizadas em 2009 pelo Programa de Microcrédito do Estado da Bahia (Credibahia), 7.928 foram solicitadas por mulheres, contra 4.195 propostas por trabalhadores autônomos do sexo masculino. As mulheres empreendedoras ficaram com 65% do total de financiamentos concedidos ano passado.

O levantamento, feito pela Gerência de Microfinanças da Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), revela que as mulheres procuram mais o CrediBahia para realizar investimentos e pôr em prática a expansão de seus micronegócios. “A mulher sabe planejar bem e ganha cada vez mais espaço no mercado, com um jeito muito próprio de tocar seu empreendimento. A grande maioria procura alternativas de negócios para sustentar a família ou complementar a renda da casa”, afirmou a analista de Desenvolvimento da Desenbahia, Márcia Fonseca.

Segundo Márcia, os números revelam que as mulheres têm mais iniciativa e, portanto, captam mais crédito. Os estudos mostram que as mulheres são mais persistentes, cuidam melhor dos detalhes do negócio, além de valorizarem a cooperatividade e o bom relacionamento.

Com juros reduzidos, o comércio é o setor que mais concentra interessados no microcrédito e a média de financiamento é de R$ 1,35 mil pagos em até 12 vezes, dinheiro que pode ser utilizado para investimento fixo ou para garantir estoque de produtos.

Marca histórica

No ano passado, as liberações de financiamento do Programa de Microcrédito da Bahia alcançaram a marca histórica de R$ 20,2 milhões, segundo o presidente da Desenbahia, Luiz Alberto Petitinga. A Agência de Fomento repassou R$ 2,9 milhões para sete instituições não-governamentais operadoras de microfinanças, contra R$ 1,1 milhão em 2008.

Com essas parcerias, o número de municípios com a presença de recursos do Credibahia já chega a 184. O programa é administrado pela Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esportes (Setre), com recursos financeiros da Desenbahia, e apoio do Sebrae.

Luiz Alberto Petitinga ressaltou dois acontecimentos que fizeram o programa de microcrédito crescer na Bahia, o limite máximo de empréstimo passou de R$ 5 mil para R$ 10 mil e o programa consolidou sua presença no semiárido, ao repassar recursos para a Associação das Cooperativas de Apoio a Economia Familiar (Ascoob) de Serrinha, dentro da estratégia do governo da Bahia de dar prioridade ao semiárido.

No plano federal, o presidente da Desenbahia comemorou a inclusão, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), da profissão de agente de crédito na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), o que representa um grande passo para o reconhecimento oficial da categoria.

Com a atualização da CBO, em 1º de janeiro será possível aferir quantitativo de profissionais, evolução do salário, além de ser um caminho para a regulamentação da categoria pelo Congresso Nacional, uma antiga reivindicação da classe.