A igreja de Nossa Senhora do Boqueirão, cuja construção remonta ao início do século 18, localizada no topo da encosta e falha geológica de 70 metros de altura, que divide as Cidades Alta e Baixa, no Centro Histórico de Salvador (CHS), está com sua restauração quase finalizada. Tombada como Patrimônio Nacional desde 1980, a igreja fica no charmoso bairro de Santo Antônio Além do Carmo, hoje um dos locais mais badalados e com metro quadrado mais valorizado da capital baiana.

De acordo com o diretor-geral do Ipac, Frederico Mendonça, cerca de 90% dos serviços de restauração do Boqueirão já foram concluídos. “Estamos nos preparando para a inauguração a ser feita pelo governador Jaques Wagner e o Cardeal Dom Geraldo Majella Agnello, ainda neste mês de janeiro (2010)”, informa Mendonça.

O Ipac finalizou a reforma estrutural da edificação e cobertura, instalou equipamentos para portadores de necessidades especiais – como elevador e rampa de acesso –, restaurou imagens, altares, teto da capela e bens integrados, recuperou detalhes artísticos internos e externos, e realizou pintura geral do prédio com nova adaptação funcional da igreja. Antes, a edificação estava ameaçada, com estrutura deteriorada, forros e barrote dos pisos e assoalhos em madeira comprometidos, assim como seus bens móveis.

Orçada em cerca de R$ 3 milhões, sendo que, R$ 506 mil do Banco do Nordeste (BNB), a obra integra a restauração de seis monumentos tombados pelo Iphan que o Governo da Bahia restaura através do Ipac/Secult no CHS, com recursos do Programa de Desenvolvimento Turístico do Nordeste (Prodetur 2), via secretaria estadual do Turismo. “Essas restaurações estavam previstas há oito anos, mas, graças ao empenho do governador Wagner, que conseguiu a liberação dos recursos em 2007, já estão sendo finalizadas”, diz Mendonça.

Em setembro do ano passado (2009), o governador vistoriou obras nas igrejas do Boqueirão e do Pilar, Casa das Sete Mortes e Palácio Rio Branco. “A restauração da Igreja do Rosário dos Pretos, na Ladeira do Pelourinho também já começou e termina no segundo semestre (2010)”, comenta o diretor do Ipac. Já a obra do Oratório da Cruz do Pascoal, no bairro do Santo Antônio, começa ainda neste primeiro semestre (2010).

Mendonça explica que são obras complexas por envolver construções de 300 a 400 anos. “Essas intervenções demandam tempo, liberação do Iphan e são obrigadas a ter equipes multidisciplinares de profissionais especializados”, diz. Antes mesmo das obras começarem são realizadas prospecções, limpezas, descupinização, entre dezenas de outros serviços. “Para se ter ideia, antes de começarmos as obras no cemitério e igreja do Pilar (século 18), na Cidade Baixa, retiramos cerca de 2,5 mil toneladas – cerca de 300 caçambas – só de lixo e entulho que moradores da região jogaram no monumento”, relata Mendonça.