O pólo calçadista baiano vai crescer em 2010, com um investimento do Governo do Estado de cerca R$ 42 milhões para apoiar o desenvolvimento do setor. Quem diz é o secretário da Indústria, Comércio e Mineração, James Correia, que participou, em São Paulo, da 37ª edição da Couromoda – a maior feira de calçados e artigos de couro da América Latina.

“Realizamos uma excelente rodada de negócios. Oito indústrias demonstraram interesse em se instalar na Bahia e pelo menos nove companhias do setor já anunciaram expansão das suas atividades no estado, Vulcabras, Azaleia, Ramarim, Free Way, Daiby, Bibi, Calçados Castro Alves, Dal Ponte, Paquetá e Dass”, informa Correia.

Segundo ele, diversas medidas estão sendo adotadas pelo Governo do Estado para fortalecer a cadeia produtiva do setor. “A Bahia possui hoje cerca de 30 empresas na área de calçados, componentes e artefatos, que empregam quase 30 mil pessoas em mais de 20 municípios. Além de apoiar a atração de novos empreendimentos, vamos em busca da implantação de um grande e moderno curtume. É o que ainda nos falta”, afirmou.

Segundo o diretor de Investimentos da Superintendência de Desenvolvimento Comercial e Industrial (Sudic), órgão vinculado à Sicm, está sendo realizada a cessão de um galpão de 10 mil metros quadrados para a Ramarim, em Jequié, gerando cerca de novos 1,1 mil empregos diretos. “Sem essa ampliação, a Ramarim já injeta, mensalmente, na economia do município, cerca de R$ 2 milhões só com salários. É um impacto social enorme”.

Outros destaques, segundo ele, são a duplicação dos galpões da fábrica da Free Way, em Jacobina, que vai criar mais 330 empregos, e a ampliação da Calçados Pegada, em Ruy Barbosa. Além dessas ampliações, o Governo da Bahia vai investir mais R$ 25,67 milhões para construir novos galpões industriais para a indústria de calçados nas cidades de Sátiro Dias, Jequié, São Sebastião do Passé, entre outras.

Otimismo 

Para o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados, Componentes e Artefatos da Bahia (Sindcalçados), Haroldo Ferreira, as perspectivas do setor são otimistas. “A expansão da área calçadista vem ocorrendo no Nordeste, principalmente no Ceará, Paraíba e Bahia, principais estados produtores da região”, explicou. Segundo ele, a Bahia contabilizou, em 2009, mais de 35 milhões de pares de calçados produzidos, num valor global de R$ 850 milhões.

O setor produz ainda acessórios, como bolsas, cintos, carteiras e pastas. “A maior parte dos produtos visa o mercado interno, já que a crise internacional e a queda do dólar têm dificultado as exportações. Na Bahia, por exemplo, em 2009, só 17% do volume de produção foi para o exterior”, apontou. Outro problema, segundo o presidente do Sindcalçados, é a concorrência com o calçado chinês. Tanto que a Abicalçados quer prorrogar a taxação destes produtos, atualmente em U$ 12,47 por par.

Azaleia anuncia investimentos de R$ 14,6 milhões

Dificuldades com o mercado externo à parte, o fato é que as empresas calçadistas instaladas na Bahia se preparam para crescer. A Vulcabras/Azaleia, por exemplo – maior calçadista brasileira e maior produtora de artigos esportivos da América Latina, fabricante das marcas Reebok, Olympikus, Vulcabras, Azaleia, Dijean, Funny, OLK e Opanka – planeja, para 2010, investimentos de R$ 14,6 milhões nas 19 unidades fabris no estado, sendo R$ 9,6 milhões para ampliação produtiva.

“A capacidade de produção da empresa na Bahia, que esteve ociosa em boa parte de 2009, voltou a ser plenamente utilizada. Nossa expectativa é fechar 2010 com 18.513 empregados na Bahia, 881 a mais que dezembro de 2009”, afirmou o presidente da Vulcabras/Azaleia, Milton Cardoso.
A ampliação trará reflexos bastante positivos nos dez municípios baianos onde a empresa possui fábricas, Itapetinga e Itororó – quatro unidades, cada -, Firmino Alves, Itambé e Macarani – duas em cada -, e Ibicuí, Iguaí, Maiquinique, Itarantim e Potiraguá.

Outro que planeja crescimento nas suas unidades da Bahia em 2010 é o Grupo Dass, antiga Dilly Calçados, que está entre os três maiores grupos industriais do Brasil e os cinco maiores na América Latina no setor e espera crescer 12% no estado.

“Tudo isso, utilizando a mesma estrutura atual de nossas fábricas de Vitória da Conquista – calçados e confecções -, Itaberaba e Santo Estêvão, onde empregamos 5.830 colaboradores” explicou a gerente de Comunicação Corporativa do grupo, Cássia Lopes.

Com fábricas em quatro estados brasileiros e na Argentina, escritórios comerciais São Paulo e Buenos Aires e uma unidade de outsourcing na China, o Grupo Dass desenvolve, há mais de 45 anos, soluções industriais e mercadológicas para marcas esportivas e de calçados, sendo responsável pela produção de artigos com marcas próprias, como Fila, Tryon, Dilly e Umbro, e de clientes, Nike, Adidas, Oakley e Converse.

Quem também se prepara para crescer na Bahia é a Indústria de Calçados Castro Alves, que têm fábricas nos municípios de Santa Luz e Castro Alves, com cerca de 770 funcionários. “Vamos ter um incremento de 30%, tanto na produção quanto no número de funcionários, implantando mais uma linha fabril a partir de março. Hoje, fabricamos cerca de três mil pares de sapatos por dia e, com a ampliação, vamos passar a produzir mais de quatro mil”, informou o diretor-financeiro da empresa, Walmor Gerhardt.

Calçados infantis 

Mais uma empresa que também está otimista com a produção é a Bibi Nordeste, que produz calçados infantis no município de Cruz das Almas, gerando 970 empregos diretos. “Vamos implantar três novas extrusoras de PVC, mais máquinas de costura industrial e outros equipamentos. Nossa meta é crescer 10% este ano na Bahia, que já responde por cerca de 60% da nossa produção nacional”, explicou o líder de produção da unidade baiana, Luiz Henrique Gonçalves, um gaúcho que já está na Bahia há mais de dez anos.

“Estou satisfeito, a qualidade de vida em Cruz das Almas é boa. Hoje produzimos 7 mil pares de calçados/dia aqui e a meta é chegar aos 8 mil pares/dia este ano”, afirmou. Segundo ele, cerca de 20% da produção da Bibi é vendida para mais de 60 países e a qualidade do produto baiano é reconhecida lá fora. “Outra vantagem é que compramos a maior parte dos nossos insumos aqui na Bahia mesmo”, destacou.

As empresas de componentes também apostam no bom momento. “Este ano vai ser melhor que 2009, mas não muito melhor que 2008. Ainda assim, esperamos crescer, otimizando nossa produção para atingir 4 milhões de metros quadrados/ano de tecidos sintéticos para atender à indústria calçadista”, informou Marcelo Carneiro, gerente administrativo da fábrica de componentes Brisa, instalada no Centro Industrial de Aratu (CIA). “No tocante à mão-de-obra devemos passar de 180 para 240 empregados para dar conta das encomendas de clientes como a Azaleia, Via Uno, Bison, Malu, Dass, Arezzo, Paquetá e outras fábricas instaladas na Bahia”, destacou.