Representantes de comunidades de terreiro que vêm sendo beneficiadas com as ações do projeto Águas Fontes da Vida, que prevê o mapeamento, a recuperação e a conservação das fontes sagradas de dez terreiros de Salvador, conheceram o diagnóstico arquitetônico e ambiental do estado de conservação das suas fontes de água, que embasará as intervenções futuras de melhoria.

O resultado foi apresentado no primeiro dia da Oficina de Educação Ambiental para Povos de Santo e Grupos Afoxés, promovida pelo Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura (Secult) e o Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afrobrasileira (Intecab), no Forte de Santo Antônio Além do Carmo, no Centro Histórico de Salvador, como resultado da primeira etapa do projeto, que contemplou uma série de visitas técnicas aos territórios étnicos nos meses de setembro a dezembro de 2009.

A educação ambiental é incorporada na medida em que as próprias comunidades de terreiro estão sendo envolvidas na sensibilização em suas comunidades e vizinhança da necessidade de preservação e conservação das águas, que fazem parte de todos os rituais religiosos.

A programação do curso, com carga de 16 horas, contemplou ações formativas de educação ambiental para as águas com 35 lideranças dos afoxés e dos terreiros, com discussões sobre questões raciais, práticas e tradições religiosas, culturais e a relação com a água, na perspectiva de recuperação das fontes sagradas. As ações contribuirão para a formação de futuros multiplicadores ambientais, comprometidos com a preservação do uso da água e o cuidado com os recursos hídricos e ambientais.

O Águas Fontes da Vida faz parte do Programa de Educação Ambiental para a Sustentabilidade (Peas) do Ingá e é resultado do convênio que o órgão possui com a Secult, dentro da linha de ação Água e Cultura, que contempla, dentre outros, o Carnaval Ouro Negro, em que o Ingá apoia blocos afros e afoxés pela sua relação sagrada de proteção das águas.

O projeto busca conciliar a necessidade de conservação dos recursos hídricos (especialmente rios, cachoeiras e matas do entorno) com a livre expressão religiosa, garantida pelas Políticas Nacional e Estadual de Recursos Hídricos (Lei Federal 9.433/97 e Lei Estadual 11.612/09).