Publicada às 16h40
Atualizada às 19h45

O início das atividades ligadas ao Fórum Mundial Social Temático – Bahia (FSMT-BA) foi marcado, neste sábado (30), pela participação do ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, ao lado do governador Jaques Wagner. Durante o debate regido pelo tema “Diálogos e Controvérsias”, realizado no Pestana Bahia Hotel, Ananias defendeu um maior esforço dos governos e da sociedade no combate à fome no mundo. "Estamos aqui para discutir nossos avanços no combate à fome e às desigualdades sociais de forma democrática e efetiva. Nesse sentido, este evento certamente ficará como marco nas lutas sociais do povo brasileiro", enfatizou.

Em discurso proferido na ocasião, o ministro destacou o que, para ele, trata-se do desafio global da atualidade: a conciliação entre o crescimento social e a preservação ambiental. Diante disso, o Fórum possibilitará, segundo Ananias, contribuições coletivas para a resolução deste embate mundial. "Temos um bilhão de seres humanos, hoje, à margem do processo civilizatório. Portanto, temos de encontrar soluções viáveis para incluí-los, respeitando a urgência do meio ambiente”, explicou.

Governo fortalece diálogo com os movimentos sociais

Cerca de 1.100 pessoas participaram deste debate no Hotel Pestana, que buscou, a partir do diálogo, o consenso entre ideias e posições manifestadas por representantes de movimentos sociais e de governos progressistas. Este consenso, aliás, é visto como o principal diferencial da inédita versão baiana do FMS. Nesse sentido, Wagner foi enfático. ”Não somos construtores de adversários, mas sim, de um planeta sustentável e democrático. Apoiamos este evento para sustentar o diálogo em debates abertos e não em substituição aos movimentos sociais”, enfatizou o governador.

Em sintonia com o discurso de Wagner, o secretario especial para Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Samuel Pinheiro, destacou a importância dos movimentos sociais na luta permanente travada entre as forças tradicionais e populares. Prova disso, de acordo com Pinheiro, são as mudanças que estão ocorrendo no cenário global, como a substituição do G-8 pelo G-20 e a ampliação da participação de países nas discussões sobre as mudanças climáticas. “A luta contra a opressão é uma luta histórica, permanente. Naturalmente nós enfrentamos a resistência dos que se beneficiam dos regimes desiguais”, afirmou.

Também integrando as discussões, o subsecretário internacional da Organização das Nações Unidas (ONU), o africano Carlos Lopes, reforçou as afirmações acima ao ressaltar que as formas de negociação no mundo mudaram, por isso, os diversos atores sociais precisam estar preparados para esta “nova forma”. “O mundo unipolar liderado pelos Estados Unidos chegou ao fim. Os países precisam se habituar a uma janela de oportunidades”.

Participaram, ainda, deste debate, Artur Henrique (Central Única dos Trabalhadores – CUT), Adilson Araujo (Central dos Trabalhadores do Brasil – CTB), Bernad Cassem (FSM) e Lúcia Stumpf (coordenação dos movimentos sociais). Trabalho, economia e crise mundial no centro dos debates Ainda no sábado (30), o Fórum aconteceu em outros 11 espaços da capital baiana com discussões de vários assuntos relacionados ao tema central do evento: Da Bahia a Dakar: enfrentar a crise com integração, desenvolvimento e soberania. Em destaque na programação central do evento, que segue até domingo (31), três painéis realizados simultaneamente no Pestana Bahia Hotel e no Hotel da Bahia. No Pestana, na sala Fernando Pessoa II, o tema em discussão foi “Crise e Trabalho”.

Participaram dos debates o secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Nilton Vasconcelos, a representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Laís Abramo, entre outros. Já na sala Zélia Gattai, o assunto em foco foi “O desenvolvimento é necessariamente um processo de concertação”. Cerca de 150 participantes, como o secretário de Relações Institucionais, Rui Costa, acompanham o evento. Entre os debatedores, o professor da Universidade Católica de São Paulo (Puc) e cientista político Ladislau Dowbor. “Crescer por crescer é o lema das células cancerosas. Estamos aqui, justamente, para pensar em alternativas ao crescimento econômico, que priorizem o equilíbrio ambiental, os mais de um bilhão de homens que passam fome e o consumo desenfreado”, comentou Dowbor.

No Hotel da Bahia, outros 300 participantes discutiram “Convergência das Crises”, com os palestrantes Peter Wahl, Alfredo Manevy e Roberto Espinoza. Discussões sobre o mundo pós-crise foi o centro da palestra.

Sobre o Fórum

Este ano, o Fórum Social Mundial está sendo realizado, de forma descentralizada, em vários países. No Brasil, a décima edição do FSM teve início na última segunda-feira (25), em Porto Alegre. Aqui, o Fórum Social Mundial Temático Bahia acontece até domingo (31), discutindo assuntos relacionados ao tema central da versão baiana do evento: Da Bahia a Dakar: enfrentar a crise com integração, desenvolvimento e soberania. O evento baiano encerra a programação anual do Fórum Social Mundial no Brasil. De forma inédita na história do FSM, movimentos sociais e centrais sindicais contam com a participação de governos progressistas em condições paritárias.