Nesta quarta-feira (06), à meia-noite, estreia, na TVE Bahia, Lutas. Doc, série documental inédita da TV Brasil, com cinco episódios abordando a violência, seus vários contextos e formas de representação na história do Brasil. Os documentários possuem uma linguagem dinâmica, com recursos de animação, para mostrar o retrato do caos e da violência na sociedade brasileira contemporânea, com espaço para avaliação e análise.

Cada programa traz a reflexão de pensadores, sociólogos, historiadores, economistas, políticos, jornalistas e filósofos sobre como a violência afeta o cotidiano da população brasileira e suas perspectivas para o futuro. O capítulo da estreia chama-se Guerra sem fim?. Recursos Humanos é o título do segundo episódio, que vai ao ar nesta quinta-feira (07), às 23h.

O primeiro programa da série faz uma análise sobre o fato de a violência ser uma constante na história do Brasil. Mesmo as nações indígenas já tinham a guerra no centro de suas culturas, antes da chegada dos colonizadores europeus. Nesse capítulo, são enfocados conflitos pouco conhecidos, massacres são relembrados e fatos históricos são revistos à luz de um olhar crítico.

No segundo episódio, Recursos Humanos, Lutas.Doc propõe uma discussão sobre os fatores que produziram a escravidão como um negócio, fazendo um paralelo entre as vítimas das guerras brasileiras e a oferta de mão-de-obra. Protagonistas políticos, pensadores da elite e egressos dos movimentos sociais questionam quem é a elite brasileira e a existência da democracia racial no país.

O terceiro episódio, Fábrica de Verdades, é recheado com comentários dos entrevistados sobre o lado B da independência e da proclamação da República, o apoio da classe média à ditadura militar, entre outros eventos históricos. Também na pauta, a análise do papel da mídia no Brasil e a importância da teledramaturgia para a sociedade. Os participantes falam ainda dos conceitos de entretenimento e liberdade, a importância das lutas sociais, a sociedade de consumo e a questão da favela como produto cultural e suas formas de representação na cultura de massa.

O quarto capítulo, Heroína sem estátua, aborda os rebeldes que se revoltaram contra a ordem instituída na história do Brasil, os que desafiaram a ordem estabelecida e que, muitas vezes, mesmo derrotados e massacrados, plantaram a semente da transformação que modificou de alguma maneira os rumos da história. São enfocados rebeldes no universo social, na arte e no comportamento.

Esse episódio revê a importância de revoltas como a Cabanagem, a Balaiada, a Revolução Federalista. Além de tentar identificar onde estão, na atualidade, os rebeldes e suas rebeliões, os entrevistados refletem, ainda, sobre o conceito de política na atualidade e sobre o papel da mulher na transformação da sociedade brasileira.

No último episódio da série Lutas.Doc, intitulado O que vem por aí, os depoimentos procuram trazer prognósticos de como será o país neste ano de 2010. Os entrevistados discorrem sobre os principais entraves da atual realidade da sociedade brasileira. A melhoria da educação é apontada como um dos pontos de destaque, considerada como a grande revolução, além da igualdade de oportunidades e a necessidade de fazer com que alguns êxitos, como a enorme fronteira agrícola disponível no Brasil, cheguem à população.

Além do presidente Lula e do ex-presidente Fernando Henrique, que estão presentes em todos os capítulos, a série documental Lutas.Doc contou com depoimentos da senadora Marina Silva (PV-AC), do economista Eduardo Gianneti, do psicanalista Contardo Calligaris e dos historiadores John Monteiro, Pedro Puntoni e Laura de Mello e Souza.

Entre os entrevistados estão ainda o sociólogo Luis Mir, o jornalista Gilberto Dimenstein, a escritora e ex-moradora de rua Esmeralda Ortiz, o líder social José Junior, do Afroreggae, João Pedro Stédile, do MST, índios da tribo Guarani-Kaiowá, a filósofa Márcia Tiburi, o escritor Ferréz e a professora de Comunicação, Esther Hamburger.