O dia nem tinha amanhecido e centenas de adeptos e simpatizantes da umbanda e do candomblé já faziam fila na praia do Rio Vermelho, em Salvador, para a entrega dos presentes a Iemanjá. Trânsito interditado desde a 0h e fiéis vestidos de branco com detalhes em pérola e azul transformaram o bairro mais boêmio da capital baiana num santuário de fé.

Às 5h, uma alvorada de fogos anunciava o início formal das homenagens à Rainha do Mar. Isabel Meira foi acompanhada do filho Daniel e da nora Francine, para deixar as oferendas a Iemanjá. “Ainda estava tudo escuro quando deixei os presentes”, conta a secretária executiva.

De acordo com a Polícia Militar, mais de 400 mil pessoas devem repetir o ritual de Isabel nesta terça-feira (2). A Colônia de Pescadores Z1, responsável pela organização dos festejos à Rainha do Mar colocou 250 embarcações para a coleta dos presentes. Os devotos têm até as 16h para deixar as oferendas que seguirão nos barcos em procissão marítima.

No vasto leque de opções de presentes oferecidos pelos fieis estão alfazema, flores, espelhos, bonecas, velas, sabonetes, bebidas e até mesmo joias. Os órgãos responsáveis pela fiscalização ambiental permitirão a saída para o mar apenas dos produtos biodegradáveis.

O historiador Manuel Passos afirma que a Festa de Iemanjá é o principal legado deixado pelos africanos, uma vez que é uma festa que não teve a influência do catolicismo.

Além da parte religiosa, a Festa de Iemanjá também tem seu aspecto profano. Por ser realizada no bairro mais boêmio da capital baiana, a homenagem à Rainha do Mar também é feita em diversos bares, restaurantes, boates e na rua por bandinhas de sopro e percussão.