Como acontece tradicionalmente, o bloco Alvorada encerrou a participação no Carnaval quando o sol já brilhava na manhã deste sábado (13). Eram 8h, e uma multidão, em frente ao Passeio Público (Campo Grande), ainda cantava “Lá vem o sol/Olha o sol por cima do sol”.

“Ainda tem lencinho aí?”. Esta foi a pergunta do cantor Valdélio França para estimular os foliões a balançarem os braços com animação. O presidente do Alvorada, Vadinho França, emocionado, agradecia a todos que continuaram no desfile até o final, mesmo com todos os problemas apresentados durante a noite (atraso, trio quebrado).

“Os foliões do Alvorada sabem da nossa seriedade na condução do bloco. Toda nossa família participa desta construção. Preparamos uma grande festa para comemorar os 35 anos do Alvorada e somos os que mais lamentamos os imprevistos”, desabafou França, sendo aplaudido pelos foliões, como Renato Assis, 35 anos, nascido no Gravatá, mesma origem do Alvorada, e apaixonado pelo bloco desde os cinco anos de idade.

Outros foliões que gostam do bloco e estavam passando foram se juntando. “Foi um desfile lindo”, disse, sem parar de aplaudir, Vadinho.

Outra pessoa que aprovou o desfile deste ano, especialmente os momentos sem cordas, foi Iara Amaral, do bairro do Curuzu, que há 20 anos desfila no Alvorada. “Esse bloco é família. A gente conhece todo mundo que sai. Quem ama o Alvorada não o troca por nada”, destacou.

Entre as atrações do desfile deste ano, o destaque foram os artistas da terra, como Gal do Beco (carioca adotada pela Bahia), Aloísio Menezes, Roberto Mendes e Raimundo Sodré, além dos grupos Samba de Cozinha e Bambeia.

Para comemorar os 35 anos de pioneirismo no Carnaval, o Alvorada escolheu o tema Maragojipe e suas Manifestações Culturais, celebrando as tradições do município do Recôncavo baiano. Houve ainda seminário sobre enfrentamento à violência contra a mulher e o lançamento de um CD com artistas baianos cantando sucesso do bloco ao longo desses 35 anos.

O Alvorada é uma das 120 entidades que compõem o programa Carnaval Ouro Negro, criado pela Secretaria Estadual de Cultura (Secult) para apoiar a participação de afoxés, blocos afro, de índio, de samba, de reggae e de percussão no Carnaval de Salvador.