Primatas em paisagens fragmentadas é o foco do segundo curso de Primatologia de Campo que está sendo realizado pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), até terça-feira (9), na Reserva Natural da Serra do Conduru, em Serra Grande. Organizado pela Sociedade Brasileira de Primatologia (SBPr), conta com a participação de 19 alunos de nove Estados e Distrito Federal.

Estão sendo ministradas palestras, aulas e miniprojetos de campo. Segundo a coordenadora do projeto, Romari Martinez, o Brasil é considerado o país dos primatas porque existem muitos ambientes florestais aqui e há alguns milhares de anos esses ambientes se tornaram florestas com uma complexidade muito grande de habitats. “A Uesc está em um ambiente privilegiado, próxima a uma reserva natural em Una, numa área onde restam fragmentos da Mata Atlântica que deve ser preservada”.

A importância do estudo dos primatas é fundamental para a solução de diversos problemas relacionados à saúde do homem. “Somos primos e muito parecidos geneticamente, ainda mais quando comparados a primatas tais como chimpanzés, gorilas e orangotangos do Continente Africano”, diz Romari. Segundo ela, estudos têm mostrado que cerca de 98% do genótipo do chimpanzé é semelhante ou praticamente idêntico ao do ser humano, havendo apenas uma pequena variação de cerca de 2%.

A pesquisadora explica ainda que, no campo da Primatologia, o Brasil se destaca por possuir 110 espécies que representam cerca de um terço da diversidade existente no planeta. Várias dessas espécies, cerca de sessenta, são endêmicas do território brasileiro. Os primatas também são importantes bioindicadores da qualidade de seu ambiente. Mas, segundo a Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção publicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 26 espécies de primatas brasileiros se encontram ameaçadas de extinção.

O curso está sendo ministrado pelos professores e doutores Célio Murilo Vale, da Universidade Federal de Minas Gerais, Sérgio Lucena Mendes, da Universidade Federal de Espírito Santo, e Stephen Ferrari, da Universidade Federal de Sergipe. Conta, também, com a presença do mestre Leandro Jerusalinsky, chefe do Centro Nacional de Primatas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) de João Pessoa, na Paraíba.