Os meses de fevereiro, março e abril deverão ser de chuvas abaixo da média histórica em toda a Bahia. O prognóstico, divulgado nesta quarta-feira (3) pelo Centro Estadual de Meteorologia do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), indica que, nos próximos meses, o fenômeno El Niño deve continuar influenciando as condições climáticas no estado.

O meteorologista do Ingá, Heráclio Alves, explica que o El Niño interfere no clima em várias partes do planeta e a tendência é de que ele influencie o Brasil pelo menos até abril. “Eventos de El Niño estão normalmente associados à diminuição no índice de chuvas no norte do Nordeste, e um incremento de chuvas no Sudeste do país”, pontua.

A tendência da previsão em torno da normalidade não implica em uma distribuição uniformemente favorável das chuvas. “Não é descartada a possibilidade de ocorrência de eventos de chuvas mais intensas em áreas isoladas e de ocorrência de veranicos – oito ou mais dias consecutivos sem chuvas -, por isso, recomenda-se o acompanhamento das previsões diárias de tempo, análise e tendências climáticas semanais”, completou o meteorologista do Ingá.

Além do El Niño, outro fenômeno que influencia a ocorrência de chuvas na Bahia nos próximos três meses é a Temperatura da Superfície do Mar (TSM) do Oceano Atlântico. De acordo com o Centro Estadual de Meteorologia do Ingá, o padrão de irregularidade do fenômeno observado durante o mês de dezembro do ano passado está associado à maior probabilidade de precipitação abaixo da média histórica na região Norte e no norte do Nordeste brasileiro.

Volumes – Heráclio destaca que, no próximo trimestre, encerra-se o primeiro período chuvoso do estado. “Nesta época, os maiores volumes pluviométricos são registrados nas regiões oeste, São Francisco, Chapada Diamantina, sudoeste e sul”. Já o segundo período chuvoso, que se inicia em março, as chuvas mais significativas acontecem nas regiões norte, nordeste e parte das regiões da Chapada Diamantina e Recôncavo, incluindo Salvador e Região Metropolitana.

Nos meses de fevereiro e março, os maiores volumes de precipitação ainda são registrados nas regiões oeste, São Francisco, Recôncavo e sul, com valores acumulados que variam entre 200 e 400 mm. Os menores volumes, com valores que não superam 150 mm, foram registrados nas regiões norte e nordeste.

No trimestre em que a previsão da precipitação em grande parte do Nordeste brasileiro indica 80% de probabilidade de chuvas em torno e abaixo do normal, o meteorologista do Ingá prevê que pode haver grande variabilidade espacial e temporal dos totais pluviométricos devido a fatores locais, como efeitos topográficos, proximidade em relação ao oceano, cobertura vegetal, entre outros fatores.

Os valores das precipitações previstas para esse trimestre em toda a Bahia correspondem a índices iguais ou menores do que os valores médios históricos que variam entre 195 e 623 milímetros no Recôncavo, incluindo Salvador e Região Metropolitana, 299 e 402,4 milímetros no oeste, 209 e 437,6 milímetros no São Francisco, 156 e 342,3 milímetros no norte, 147 e 461,9 milímetros na Chapada Diamantina, 153 e 344,2 milímetros no sudoeste, 239 e 602,2 milímetros no sul e 156 e 446,6 milímetros no nordeste.

El Niño – A persistência do fenômeno El Niño acontece devido a uma significativa porção de águas subsuperficiais mais quentes do que a média – com valores de até 4°C acima da temperatura média, a uma profundidade de cerca de 50 metros, no lado leste da Bacia do Oceano Pacífico.

O aumento na temperatura da superfície do mar nas águas do Pacífico faz com que haja uma mudança drástica de direção e velocidade dos ventos em todo o mundo, fazendo com que as massas de ar mudem de comportamento em várias regiões do planeta.

A tendência climática para a Bahia foi elaborada por meteorologistas dos Centros Estaduais de Meteorologia do Nordeste brasileiro, entre eles o Ingá, o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), e de universidades e institutos de pesquisas, que se reuniram em Fortaleza, no Ceará, nos dias 19 e 20 de janeiro, para elaboração do prognóstico climático trimestral para a Região Nordeste do Brasil.

De acordo com Heráclito, para a elaboração desse prognóstico, foram avaliadas as condições dos Oceanos Pacífico e Atlântico e os modelos dinâmicos globais e regionais – resultados de programas que simulam as condições oceânicas/atmosféricas presentes e fazem a previsão para os meses seguintes – e de modelos estatísticos de diversas instituições.