“A expectativa é grande, vai trazer muitos benefícios pra gente, para o pessoal mais carente que precisa da água. Tem a possibilidade de armazenamento da água no período da estiagem”. A afirmação é de José Jadson de Sousa, representante do Comitê da Bacia do Rio Paraguaçu e chefe de uma das 1,4 mil famílias do semiárido baiano que serão beneficiadas pelo Programa Aguadas, lançado, nesta quinta-feira (25), na Fundação Luís Eduardo Magalhães (Flem), pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente, por meio do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá).

O lançamento oficial faz parte da programação da Semana da Água. Com a iniciativa, o Governo da Bahia pretende melhorar a qualidade de vida no semiárido, com a implantação de tecnologias sustentáveis de armazenamento e captação de água da chuva. Desta forma serão promovidos mais conforto e saúde à população, além do incremento na economia, com a ampliação de atividades agropecuárias que dependem do uso da água para alavancar. “Com isso, as pessoas que necessitam, em especial, o pequeno agricultor, vão ter, no período da seca, água suficiente para se manter durante o resto do ano. Não só naqueles três meses que chovem bem, mas no restante do ano, também vamos ter água armazenada”, enfatizou o representante de Bacia Hidrográfica do Rio Paraguaçu.

Aproximadamente 7.300 pessoas do semiárido da Bahia receberão qualificação para se tornarem aptas na utilização das tecnologias (simples) de armazenamento de água da chuva. Para o secretário estadual do Meio Ambiente, Juliano Matos, “o Aguadas é mais um componente de reforço para o programa Água para Todos, sem agredir à natureza”.

O coordenador do Aguadas, Roque Aparecido da Silva, reiterou que “o projeto vai criar melhores condições de convivência da população com o semiárido, garantindo um conjunto de instrumentos para armazenamento da água de chuva, tanto no solo quanto na sua superfície”.

De acordo com Roque Aparecido, no primeiro estágio serão utilizados recursos na ordem de R$ 8 milhões. O montante é proveniente do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Funcep) e será executado por meio de convênios assinados com nove organizações que possuem vasta experiência em projetos prioritários no acesso da população à água. Farão parte do projeto, 69 municípios de norte a sul do estado, ao longo de toda a região do semiárido baiano, contemplando 16 Territórios da Cidadania.

Geração de empregos

Durante o ano de 2010 serão viabilizados 620 barreiros trincheira, revitalizadas 322 aguadas (obras de baixo custo e de fácil manuseio pelas comunidades), construídas 130 cisternas de enxurrada e implantadas 33 bombas d’água populares.

O presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu, defendeu a destinação de mais recursos para serem aplicados na exploração sustentável do potencial hidrográfico baiano. “O Brasil é um país rico em águas e a Bahia é um estado que precisa ser compensado pelo atraso nos investimentos nessa área. Temos que ter vontade política de fazer. Este evento é um exemplo disso. Mas também são necessários recursos para um melhor aproveitamento dos recursos hídricos”.

Na ocasião, o governador Jaques Wagner disse que o diagnóstico das águas do estado, aliado ao projeto de captação de água das chuvas, vai estimular o crescimento econômico, gerar emprego e atrair novos investimentos. “É possível proporcionar o desenvolvimento tendo como protagonista, a sociedade. Por isso, a importância dos comitês”.

No evento, tomaram posse os novos membros dos Comitês das Bacias do Recôncavo Norte e Inhambupe, dos Rios Paraguaçu, Verde e Jacaré, Itapicuru, Leste e Salitre. Os comitês são compostos por representantes dos poderes públicos municipais, estadual e federal, da sociedade civil organizada, entre outros.

Durante o lançamento do Projeto Aguadas, além de regulamentar o Fundo Estadual de Recursos Hídricos (fundo criado para auxiliar a Política Estadual de Recursos Hídricos), o Governo da Bahia também assinou um acordo de Cooperação Técnica com a República Democrática de São Tomé e Príncipe.

O acordo prevê que o Estado da Bahia, por meio do Ingá, seja colaborador daquele país na elaboração de políticas em prol dos recursos hídricos. “Fico feliz em poder assinar esse convênio, que tem a chancela das Nações Unidas e do Itamaraty, para poder auxiliar este país que tem tantas semelhanças culturais com a Bahia, que é o estado mais africano do Brasil”, afirmou Jaques Wagner.

O governador ainda citou as obras de saneamento realizadas em Salvador como o Emissário Submarino e outras intervenções nas cidades de Camaçari e Lauro de Freitas. “Nosso lema é água para todos e para sempre. Por isso é preciso cuidar dos mananciais e orientar a população. Todos nós temos papéis nesse processo”.

Publicada às 14h45
Atualizada às 18h50