Um sonho do artista alemão que se naturalizou brasileiro e adotou a Bahia como seu estado e Cachoeira como cidade do coração será finalmente realizado: a Fundação Hansen Bahia terá sua sede própria. A inauguração será no dia 13 deste mês, data de emancipação de Cachoeira, considerada monumento nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (Iphan).

Passados 34 anos desde a criação da instituição, Cachoeira abrigará o museu de 480 metros quadrados projetado nos anos 80 pelo arquiteto Diógenes Rebouças especialmente para isso. “A sede provisória cedida em comodato pelo governo da Bahia permaneceu fechada por dois anos para reforma. Nesse período, apenas algumas poucas obras do artista estavam expostas em um salão cedido temporariamente pela Ordem Primeira do Carmo. Por isso a fundação recebeu cerca de três mil visitantes no ano passado, metade da visitação de 2007. Mas, com a nova sede, nossa expectativa é receber pelo menos 5.500 visitantes até o final deste ano”, afirmou o coordenador-executivo da fundação, Raimundo Vidal.

O prédio, que fica na Praça Manoel Vitorino, em Cachoeira, foi doado à fundação pelo Município, por iniciativa do então prefeito Ivo Santana, em 1976. “Trata-se de um visionário que bem sabia como a presença da obra de Hansen seria importante para a cidade, por enriquecer sua cultura e favorecê-la como destino turístico”, explicou Vidal.

Só que o local, que antes funcionava como uma fábrica de colchões de molas, precisava de muitas reformas, que só puderam ser feitas agora, com o investimento de aproximadamente R$ 900 mil dos governos federal e estadual, por meio do MinC/Programa Monumenta. A reconstrução do imóvel durou cerca de um ano.

Motor cultural da UFRB

Segundo o secretário estadual de Cultura e presidente do Conselho Curador da Fundação Hansen Bahia, Márcio Meirelles, o novo museu não apenas valoriza o Recôncavo, como também serve de motor cultural para a Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), vizinha à nova casa.

“No novo Museu Hansen Bahia, haverá muito espaço para as reflexões motivadas pela obra desse brilhante artista, diante de todo o seu compromisso com personagens da vida real e apelo dramático revelado nas fraquezas humanas (desigualdade social, violência, etc.) e no potencial de regeneração humana”, declarou o secretário, que disse que o Estado vai continuar apoiando, como ação continuada, as 14 instituições culturais que a Secult mantém na Bahia, entre as quais está a Fundação Hansen Bahia.

Investimentos vão aumentar

Para o diretor-geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) e conselheiro da fundação, Frederico Mendonça, a localização privilegiada da sede reformada potencializa as possibilidades de dinamização cultural da região. “A instalação da nova sede próximo ao campus da UFRB é positiva tanto para a comunidade acadêmica quanto para a manutenção da obra de Hansen”, destacou.

E dá outra boa notícia: “A partir deste ano, como a fundação passará a ter o apoio do Fundo de Cultura (recursos orçamentários da Secretaria Estadual de Cultura), aumentarão os investimentos que temos feito para conservar e divulgar o acervo de Hansen. Espero, com isso, que sejam retomadas as oficinas que ensinam as técnicas utilizadas pelo artista, âncora cultural e elemento de fundamental importância na união entre os municípios de Cachoeira e São Félix”, afirmou.

O artista e conselheiro da Fundação Hansen Bahia, Justino Marinho, observou que a concretização da sede própria é uma vitória importantíssima para a sobrevivência e divulgação da entidade. “Espero que o público possa ter o prazer de se aproximar da obra de Hansen, que tem sido muito bem catalogada, organizada e divulgada por meio do brilhante trabalho feito pela curadora da exposição Hansen 95 Anos, Leda Deborah”, disse.