A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult), por meio da Diretoria de Teatro da Fundação Cultural do Estado (Funceb), deu início, na quinta-feira (25), ao processo de cadastramento de grupos de teatro de rua baianos. A convocação pública para atendimento a esta iniciativa se dá com a publicação da Portaria Conjunta Secult/Funceb nº 002, de 24 de março de 2010. Até o dia 30 de abril, os representantes desta modalidade teatral podem contribuir para o mapeamento da rede artística, de modo que seja possível estabelecer uma política adequada de fomento.

Para participar, os interessados devem preencher um formulário informativo, disponível nos site da Secult-BA e da Funceb, respondendo a questões relacionadas a dados, história, posicionamento produtivo, estrutura e demandas do grupo. Os cadastrados vão constituir um banco de dados que servirá de referência para ações de incentivo específicas, condizentes com a realidade da classe artística.

O formulário preenchido deve ser pessoalmente entregue na sede da Funceb, no Pelourinho, em Salvador, ou enviado pelos Correios ou serviços similares, endereçado à Caixa Postal 2485, CEP 40020-970, Salvador – Bahia. “No ano passado, a Secult desenvolveu ação similar com as filarmônicas baianas, o que permitiu o conhecimento das características e demandas destes grupos, reunindo subsídios para a criação do Programa Estadual de Fomento às Filarmônicas, disse a diretora da Funceb, Gisele Nussbaumer. “Agora, a pretensão é mapear e reunir informações atualizadas acerca dos grupos de teatro de tua da Bahia, de modo que seja possível implementar mecanismos de apoio efetivos às suas atividades”.

Para o diretor de Teatro da Funceb, Gordo Neto, a iniciativa é fundamental e encoraja novos compromissos sociais e políticos. “Identificando quantos e quais grupos de teatro de rua existem no estado e analisando os detalhes dos formulários, poderemos pensar políticas públicas prioritárias direcionadas a eles e responder às principais demandas, com características qualitativas e quantitativas respaldadas. O mapeamento, enquanto estratégia, dará bom retorno para as ações da diretoria de Teatro”.

Grupos de teatro ocupam casas no Pelourinho

Em paralelo ao mapeamento do teatro de rua, a Secult, por meio do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) e em articulação com a diretoria de Teatro da Funceb, concede à Cooperativa Baiana de Teatro (CBT) e ao Movimento de Teatro de Rua da Bahia (MTR-BA) o uso de duas casas localizadas no Pelourinho, que passarão a ser as sedes destas associações.

A ação está em sintonia com o Plano de Reabilitação do Centro Antigo que prevê uma série ocupações, reformas e a sustentabilidade do parque imobiliário do Centro Histórico. O Ipac, que administra grande parte desse parque imobiliário, mantém acordos formais com instituições, entidades e pessoas físicas que ocupam dezenas de unidades imobiliárias na região. Desta forma, a Secult inclui, em suas políticas públicas de fomento, atividades culturais e artísticas, a cessão de unidades imobiliárias para a classe produtiva.

As metas e modos de ocupação das casas são os próximos passos a serem discutidos. Com a ação, a Secretaria de Cultura atende a uma demanda da Cooperativa Baiana de Teatro desde 2005, e também a uma demanda formalizada pelo Movimento de Teatro de Rua da Bahia desde a sua constituição enquanto pessoa jurídica, em março de 2008. As casas servirão como ponto central das atividades dos grupos, dando-lhes suporte físico para as tarefas administrativas, produtivas e políticas.

Para a diretora administrativa da Cooperativa, Grasca Souto, ainda que a casa, ao visitar a casa, localizada na Rua Laranjeiras, nº 46, não ofereça uma sala de ensaio, atende muito bem às necessidades tanto por dar uma estrutura física adequada à sede, quanto pela localização. “Teremos, ao nosso redor, diversos espaços onde poderemos ensaiar, nos articular e movimentar”.

Gasca diz que o Pelourinho e seus teatros, praças e largos é ideal para o grupo firmar parcerias, circular e se inserir neste cenário artístico próprio da região. A localização da casa é considerada uma das mais importantes vias do Pelourinho, ao lado do maior estacionamento do Centro Histórico e com uma vizinhança formada por importantes instituições, lojas, restaurantes, grupos de capoeira, Museu de Música Popular, entre outros.

Já o imóvel destinado ao MTR-BA fica à rua Inácio Acciole, nº 25, que, além de estar inserido no mesmo entorno, fica próximo a equipamentos culturais como o Teatro 18 e a sala de cinema de arte Cine 14, além de instituições como a Unesco e a Funceb.

“Para a gente, esta é uma conquista histórica”, comemora o coordenador do MTR-BA, Edilson Bispo. Segundo ele, o teatro de rua é considerado um segmento excluído nas artes cênicas e essa ação é uma forma de reverter isso. “Apesar de ser uma atividade praticada na rua, nós precisamos de um espaço para reuniões, trocas de ideias e arquivo de materiais. Agora, com a casa, poderemos movimentar mais a cena e fazer novas parcerias, campanhas e projetos. Esta é uma maneira de criar um centro de referência de Teatro de Rua no estado”.

Revitalização

A chegada destes grupos ao Centro Histórico de Salvador fortalece o programa de revitalização da área, executado de forma participativa com os diversos setores da sociedade civil e dos três poderes públicos – municipal, estadual e federal.

Soma-se, também, aos projetos culturais desenvolvidos, que incluem a programação do Pelourinho Cultural, além da restauração de monumentos, que já totaliza cerca de R$ 20 milhões investidos. Todas as ações estão inseridas dentro do contexto do Plano de Reabilitação do Centro Antigo, um plano de sustentabilidade para a área de Salvador, construído de forma participativa com a sociedade e com o apoio da Unesco. O anúncio do Plano está sendo programado para o mês de abril.