Convênios de assistência técnica assinados entre a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa da Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Integração Regional (Sedir), e a Agros estão transformando a vida de duas mil famílias de agricultores integrantes de associações dos municípios de Casa Nova, Curaçá, Canudos, Uauá, Jaguarari, Juazeiro, Campo Formoso, Monte Santo e Andorinhas.

Através do monitoramento dos técnicos contratados pela associação, os agricultores familiares têm conseguido melhorar significativamente sua produtividade, seguindo as orientações sobre manejo, técnicas de plantio de mandioca, de inseminação e melhoramento genético de caprinos e ovinos, produção de mel, além de controle de pragas e doenças.

“Melhorou muito, porque aprendemos a dar um melhor tratamento ao rebanho. Agora sabemos como separar os bichos pra botar na hora certa com o reprodutor, bem como vacinar corretamente e controlar a verminose”, afirmou Clóvis Santos da Silva, casado, pai de quatro filhos, que mora há 50 anos em uma propriedade em Casa Nova.

Ele possui 320 cabras e 110 ovelhas e faz duas montas controladas por ano. Além disso, produz de 300 a 400 sacos de farinha por ano, que são comercializados com a Conab e consumidores da região. “Se juntar a minha produção com a dos meus irmãos, dá mais de 1.200 sacos de farinha, fora o milho e o feijão”, explicou Clóvis.

A estação de monta controlada é uma tecnologia usada para homogeneizar o rebanho, reduzir despesas e custos com a assistência técnica e principalmente para acabar com o efeito sazonal, pois permite que o produtor tenha cabras e carneiros no mercado o ano todo, segundo o técnico da Agros, Aroldo Costa. Nesse processo são usados 83 reprodutores da raça Boer, cedidos pela Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri), que se revezam nas propriedades dos conveniados para fazer a monta monitorada.

Aroldo estima que, dependendo da qualidade da alimentação oferecida ao rebanho, o sucesso desse processo chega a 98%. Para manter os animais bem alimentados, sobretudo na estação seca, os produtores aprendem a armazenar a forragem por intermédio de processos como a ensilagem, a fenação e a produção de raspas de mandioca.

Os convênios assinados entre a CAR e a Agros, com duração de um ano, foram de R$ 714 mil, com recursos do Fundo de Combate à Pobreza. A renovação dos convênios, que devem agregar mais mil produtores, deve ficar em R$ 1 milhão.

Acompanhamento contábil

Oito técnicos e 40 jovens sucessores/multiplicadores, filhos de produtores rurais, revezam-se na assistência aos produtores, passando periodicamente nas propriedades dos conveniados, dando orientação e atendendo às necessidades mais urgentes. Além disso, a associação começou a aplicar, no início deste ano, um programa de gestão contábil, no qual faz um acompanhamento minucioso com 10% dos dois mil produtores.

“São 200 propriedades que vão passar por acompanhamento contábil o ano todo. A produtividade e a rentabilidade do negócio serão avaliadas. É um trabalho nunca antes aplicado à agricultura familiar”, disse a técnica Maria dos Remédios.
Para o presidente da Agros, Virgílio da Silva dos Santos, a importância desses convênios está no benefício que o produtor recebe. “O produtor que tem assistência técnica apresenta um trabalho diferente. Ele hoje está aproveitando as suas forragens, está fazendo um melhoramento genético com os animais. A comunidade onde o produtor é atendido tem um tratamento diferenciado daquela que nunca foi atendida”, ressaltou.

Casa de mel

Representantes da Associação de Agricultores dos Moradores de Salinas da Brinca e de mais seis associações circunvizinhas, situadas no município de Casa Nova, reuniram-se com o diretor-executivo da CAR, José Pirajá, com a diretora financeira Sheila Viegas e com o coordenador do programa Produzir, Ivan Barreto.

Na reunião, os associados, que produzem doces, geleias, polpas, sequilhos, tapioca, biscoitos, gergelim e 30 toneladas de mel por ano, solicitaram da CAR o melhoramento das instalações da fábrica de doce e a doação de uma casa de beneficiamento de mel para atender aos mais de 60 apicultores da localidade.

A representante da associação, Valdenise dos Santos, justificou a reivindicação, alegando a importância do pleito para a comunidade, onde vivem cerca de 200 pessoas. “Esse trabalho é fundamental, porque faz com que a gente permaneça em nossa terra. Isso evita o êxodo rural, impede que os jovens se mudem para a cidade e acabem se envolvendo com a prostituição e drogas”, observou.

Pirajá reconheceu a importância da produção local, que vai ao encontro das diretrizes do governo da Bahia. “O Estado quer fazer da cadeia produtiva do mel uma atividade importante. Para tanto já isentou o ICMS para o mel”, disse, garantindo dar prioridade à análise do pedido para a construção de uma casa de mel em Salina da Brinca, que reúne mais de 75 agricultores, que garantem uma produção, junto com outras três localidades vizinhas, de 30 toneladas anuais do produto, a fim de produzir um mel com um valor agregado maior.